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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Uma batalha constante

Sexta-feira, oito de Julho, o Leonardo cismou que não queria ir à colónia de férias. Eu tentei convence-lo durante todo o caminho. Chegamos à porta da sala e ele recusa-se a entrar. Os monitores chamam por ele e ele ignora-os. Um dos monitores acaba por vir tentar ajudar-me a dar-lhe a volta:

- Anda Leonardo que hoje é dia de festa. Não podes faltar no ultimo dia porque é o melhor de todos.

- Não quero ir. Mãe quero ir para o teu trabalho contigo.

- Vais aborrecer-te. Vou ter que te colocar a fazer fichas o dia inteiro e o almoço vai ser sopa. - digo a tentar safar-me de o levar comigo.

- Não me importa eu quero ir contigo.

Chega a hora de se dirigirem para os autocarros e o Leonardo continua a cismar que não ia. Saíram todos da sala, os monitores levam chapéus diferentes e iam à frente a apitar cornetas. O clima era de euforia mas mesmo assim ele não queria ir. Saímos da escola e vamos ver os miúdos a entrar nos autocarros. Estava quase na hora de arrancar e eu, no desespero, tento outra opção.

- Leonardo se fores eu compro-te uma prenda. Tu escolhes à vontade e eu compro.

- Compras-me o Lego do minecraft?

- Compro! - grito enquanto corro com ele para o autocarro

Quando os vi partir penso melhor na opção que fiz. Nunca concordei em comprar os miúdos com bens materiais mas na altura não vi outra solução. Não sei como seria trabalhar um dia inteiro com ele ao pé de mim a fazer perguntas e solicitar atenção. Engoli em seco quando pensei que teria que contar ao marido que prometi um lego caro ao rapaz. Sim porque se prometi vou comprar se há coisa que eu honro são as minhas promessas. Acho que é uma forma de eles perceberem que quando damos a nossa palavra temos que a cumprir.

Voltei à porta da escola às dezoito horas para os buscar. Esperei, esperei e esperei. Chegaram já perto das dezanove horas. Primeiro ouvimos as buzinas dos autocarros, depois vimos a loucura que lá vinha dentro. Os miúdos sem camisolas vestidas, camisolas estas que voavam e eram agitadas no ar ao som da musica alta. Meninas com saias de palha, rapazes mascarados de piratas, pequenos transformados em golfinhos. Pinturas faciais, chapéus ridículos e penteados estranhos.

Saíram do autocarro a cantar com sorrisos nos lábios. Apanhei os meus dois rapazes e viemos embora. Pelo caminho quis saber se tinham gostado. O Guilherme disse que sim, claro, enquanto o Leonardo disse que tinha sido um pouco fixe. Aproveitei o facto de ele estar de bom humor e disse-lhe:

- Sabes Leonardo estou muito orgulhosa de teres ido e te teres divertido na festa. Estou tão contente que era capaz de te dar um gelado em troca do Lego.

- Está bem! Posso escolher o que quiser?

- Claro que sim!

Acabamos por parar no café ao pé de casa e eles escolheram um gelado para cada um. Ficaram todos contentes mas, garanto-vos que, não ficaram mais do que eu que me safei a comprar-lhe o lego caro.

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