Tanto amor
Ontem deixamos o Guilherme em casa da avó. Hoje o pai vai com ele a uma consulta. Como o marido entra no trabalho às seis da manhã resolvemos deixar o rapaz na avó. Assim não tem de acordar de madrugada e está perto para o pai o ir buscar.
Deixamos o Guilherme e viemos embora. No caminho notámos que o Leonardo vinha muito calado. Olhei para o banco de trás e reparei que estava a chorar. Perguntei o que se passava e ele desatou num pranto. Nem conseguia falar de tanto chorar. O marido é eu tentavamos perceber o que se passava. Perguntei se estava doente. Se tinha alguma dor. Se estava com problemas na escola. Se tinha perdido algo. Se tinha partido algo. Ele limitava-se a acenar que não com a cabeça e continuava a chorar.
Foi então que o marido perguntou:
- É por causa do Guilherme?
Ele indicou que sim com a cabeça.
- Também querias ficar em casa da avó?
Ele abanou a cabeça.
- Então não estou a perceber?
-... Saudades...
- Estás assim porque vais ter saudades do teu irmão?
- Sim...
Lá lhe explicamos que era só um dia e que num instante estariam de novo juntos.
Eu cá não sei se deva ficar orgulhosa de tanto amor ou preocupada por esta dependência do irmão mais velho.