Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Temos caminhado muito. Encontramos rebanhos de cabras e de ovelhas. Vemos cavalos e burros nos prados. Campos de relva alta e fofa onde os rapazes adoram correr. Vislumbramos águias no céu e observamos as flores silvestres a desabrochar. Treinamos e colocamos a leitura em dia.
Continuamos a viver. Uma vida diferente da que tínhamos mas surpreendentemente agradável.
Em poucas lições o marido conseguiu ensinar os gémeos e o Leonardo a andar de bicicleta. Mais uns tempos de treino e estamos prontos para uns passeios em família.
Deve ser de alguma vizinha mas gosta muito de nós.
Quase todos os dias aparece no nosso quintal. Senta-se à porta da cozinha é começa a miar. Assim que saiu de casa corre a roçar-se nas minhas pernas. Quando vê os rapazes rebola-se de forma desafiadora para que brinquem com ele. Os rapazes claro adoram-no.
Sempre trabalhei longe de casa demorava no mínimo meia hora a chegar e isso num dia bom. Muitas vezes tinha que fazer o percurso de autoestrada só para chegar a horas.
Quando mudámos de casa tudo mudou. Num dia mau demoro dez minutos a chegar ao trabalho e isso realmente faz toda a diferença. Estou tão perto que, por vezes, venho a casa à hora de almoço para apanhar ou estender roupa. Também venho cá para dar almoço aos mais velhos quando ficam em casa.
Venho a casa naqueles dias em que estou cansada ou aborrecida e só quero algum tempo com os meus pensamentos.
Também estou perto das escolas e num instante vou buscar algum indisposto ou cujas aulas já terminaram.
Adoro estar assim próxima de tudo e todos e estou bem ciente do luxo que é. Todos os dias agradeço não ter que fazer quilómetros e mais quilómetros. Não ter enfrentar filas imensas de carros e tempo interminável em semáforos.
É tão bom não ter nada disso. Por aqui o máximo que temos são ovelhas e cavalos que nos distraem dos buracos nas estradas.
O marido e o Leonardo correram logo para ver se eu precisava de alguma coisa.
- O que foi mãe?
- Está aqui um bicho nas minhas plantas. Mas isto é uma lesma?
Mostro uma mini lesma que não tinha mais que dois ou três centímetros que tinha retirei do vaso com a ajuda de um palito.
- É uma lesma. Deita para o lixo.
- Isso é que não. Leonardo vai buscar a chave da porta para eu a soltar no quintal. Como é que veio aqui parar?
- Devia vir no vaso.
- Já tenho esta planta à tanto tempo. Não me parece. Não sei como é que aqui chegaste mas eu não te vou matar. Vais ficar em liberdade no quintal e podes seguir a tua vida.
- Mãe? Tu estás mesmo a falar com a lesma?
- Sim.
- Tu sabes que a lesma não fala não sabes? Ou será que estás a ficar louca?
Já não existe respeito por uma mãe que gosta de falar com animais 😂
Acordei sonolenta, saí da cama e fui em versão morta viva até à casa de banho. Comecei a lavar a cara quando um movimento me captou o olhar. Olhei para o tecto e vi uma aranha enorme e gorda. Claro que despertei imediatamente.
A primeira reacção foi mandar fotos ao marido a queixar-me da, quase, tarantula que estava no nosso quarto. Apresentei-me a vestir sem desviar o olhar da dita. O marido escrevia de volta para eu resolver o assunto mas eu não mato animais.
Tratei de me arranjar e saí do quarto. Fechei bem a porta para conter a ameaça e fui à minha vida. Quando cheguei a casa o marido ainda nem tinha ido ao quarto. Depois de muita insistência minha lá foi munido de uma folha de papel. Pegou na aranha e foi deitá-la à rua.
Não sei porque é que os bichos gostam tanto da nossa casa😜
Descobri recentemente que o Aldi vende milho fresco. No domingo não resisti, sabendo que iríamos ter grelhados para o almoço corri a comprar uma embalagem.
Veio para a mesa tostadinho e cheiroso. Cortei as maçarocas e dei um pouco a cada um. Foi divertido vê-los roer em o milho tal como já fiz um milhão de vezes.
Depois foi a minha vez. Provei o meu pedaço, senti aquele sabor e fui atingida por um turbilhão de emoções. Uma pequena dentada que me levou directamente para a minha infância. Soube bem recordar. Agora que sei onde vendem vamos comer mais vezes.