Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Meus filhos, três anos passaram num ápice. Ontem batalhavam para sobreviver na neonatologia do hospital, hoje partem-nos a cabeça com a vossa vivacidade. Três anos desde que a nossa família foi consideravelmente aumentada e se me perguntarem como era antes já nem me lembro. De vez em quando vejo fotos antes de nascerem e não me consigo identificar com aquelas pessoas. Mudámos tanto, por vocês, graças a vocês, para vocês. Não vos mentir e dizer que não éramos felizes porque éramos mas desde que vocês chegaram atingimos um novo patamar de felicidade ( e de dores de cabeça também).
Hoje olho para vocês e vejo uns rapazes lindos e sacanas. Olho e penso que já não há bebes cá em casa. Fico contente e triste ao mesmo tempo. Já sinto saudades da época em que vos tinha que dar o biberão à boca. Hoje em dia vejo-vos ganhar autonomia, cada vez mais querem fazer as coisas sozinhos e vão deixando de precisar de mim um pouco de cada vez. Adoro e odeio a forma como querem entrar sair sozinhos no carro. A forma como já sabem tirar o sinto de segurança sozinhos. A forma como se querem esfregar sozinhos no banho. Adoro e odeio o facto de se querem tentar vestir e calçar sem mim.
No entanto há uma coisa que adoro nesta nova fase que é o facto de já falarem tão bem. Adoro mais do que tudo quando me dizem que gostam de mim e me cobrem com beijinhos. Adoro também a forma como a cumplicidade de irmãos cresce a olhos vistos, não só entre vocês os dois mas também entre os quatro. Adoro ouvir os passos dos quatro a correr pela casa, os risos dos quatro resultantes das brincadeiras e até a birra dos quatro quando se zangam.
Não há sombra de duvidas que vocês vieram dar uma nova vida à nossa família. As vossas personalidades tão marcadas e tão diferentes. O vosso olhar safado e desafiador. O vosso lado meigo que nos faz esquecer tudo.
Três anos passaram e nem tudo foi fácil. Vocês foram protagonistas de muitos sustos. Tivemos muitas dores de cabeça graças a vocês. Discutimos, gritámos. Sentimos que íamos endoidecer. Tenho a certeza que nada disto ficou por aqui e que ainda vamos passar muito com todos vocês até ao fim da nossa vida, porque ser pai é mesmo isto. No entanto também sei que os bons momentos se sobrepõem aos maus e que são estes que nos ficam na memória. Por isso vamos continuar a criar muito bons momentos, um bocadinho de cada vez.