Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Ontem o marido ligou-me. Atendi o telemóvel e ninguém falou. Esperei um pouco a ver se alguém me respondia e ouvi:
- Fala com a mãe já que não paras de chamar por ela.
- Olá mãe estás boa?
- Olá Salvador a mãe está a trabalhar e tu?
- O ikey ouse.
- Estás a ver o Mickey mouse?
- Sim.
Depois contou-me imensas coisas embora eu não tenha percebido grande coisa. Lá aceitou passar o telefone ao pai depois de me ter contado tudo. Adoro estas conversas e tenho que aproveitar porque depois passam pela fase de não quererem falar ao telefone.
Cheguei ao trabalho e a primeira coisa que faço e abrir a mala para te tirar. Procuro, procuro e não te encontro. Resolvo procurar melhor porque a minha mala apesar de pequena mais parece um buraco negro. As coisas desaparecem lá dentro e é um castigo para as encontrar. Empenhada em encontrar-te comecei a despeja-la, cheguei ao fundo e não te vi.
O meu coração ficou ansioso porque já não sei viver sem ti. Pensei onde poderias estar e lembrei-me que havia a possibilidade de teres caído no chão do carro. Andei de rabo para o ar a espreitar por baixo dos bancos, nas abas da porta e nada. Em ultimo recurso liguei para ti, escutei o som de chamada mas não te ouvi tocar.
Não sai da minha cabeça onde poderás estar. Já revi todo o meu percurso matinal até chegar ao trabalho e tenho a certeza que só podes ter ficado em casa. A minha mala não saiu do carro o tempo pelo que é quase impossível ter-te perdido. No entanto o meu coração só vai sossegar quando te segurar novamente nas mãos. vou passar o resto do dia com a impressão de estar incompleta, aquela sensação que nos falta algo imprescindível para viver.
Ainda por cima fiquei sem as fotos para mostrar o meu maior vicio.
Não sei onde é que o meu filho foi buscar a ideia absurda que precisa de um telemóvel, ou se calhar até sei.
- Mãe quando é que me compras um telemóvel?
- Quando tiveres 18 anos.
-18 anos? Mãe estás a brincar não estás?
- Eu não brinco com coisas sérias, ainda não tens idade para ter um telefone.
- Mas a minha colega X e meu amigo Y têm!
- Não me interessa saber dos outros e acabou a conversa.
Fico a pensar num motivo válido para um pai dar um telemóvel a uma criança de 8 anos. Depois de muito pensar não encontrei nenhum nas a verdade é que há muitas crianças que os têm.
Nós por aqui vamos continuar a dizer que não por mais uns aninhos.