Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Não sempre gostei de Julho. É um mês quente, é um mês de verão, é um mês de férias. Mesmo assim não estava na lista dos meus preferidos. Não sei bem porquê mas sempre preferi o seu irmão Junho.
Os anos foram passando e o meu gosto por Julho foi crescendo. Comecei a apresiar os seus dias longos. Os seus dias quentes mas não demasiado quentes. Passei a gostar de ver as praias cheias de colónias de férias. Adoro ver a organização com que chegam e que mantém até a hora de partir.
Passei ainda a desfrutar do trânsito que diminui substancialmente nesta altura do ano.
Entretanto em 2014 fomos surpreendidos com o nascimento dos gémeos no dia 11 e este mês ganhou um novo significado para mim. Subiu rápidamente na minha lista de preferidos e ganho um lugar de topo. Agora, todos os anos festejamos o aniversário dos rapazes mas festejamos ainda mais a vitória na nossa batalha. Julho será sempre o mês em que vi e peguei os meus pequenos bebés pela primeira vez. Será sempre o mês em que eles travaram a sua luta contra a prematuridade da qual saíram vencedores.
Hoje em dia é um mês de alergia, de festa e união familiar.
Ora no sábado fomos ao Hospital de Santa Maria festejar o dia da prematuridade. Foi um evento simples direccionado mais para o convívio. Os mais pequenos podiam brincar com balões, fazer desenhos e pinturas faciais. Os adultos aproveitaram para rever enfermeiras, médicas e outros pais que conheceram durante a estadia na Neonatologia. Claro que nós não tivemos muito tempo para o convívio porque os gémeos ainda não se entretêm com nada. O Salvador ainda esteve um pouco, sentado junto dos meninos mais crescidos, a fazer rabiscos numa folha de papel mas era mais o tempo que estava com o lápis na boca do que a pintar, pelo que acabámos por o tirar de lá.
Entretanto recebemos uns pins de identificação e uns sacos com um lanche.
De seguida fomos convidados a entrar no auditório para visualizarmos um filme sobres os prematuros. A equipa fez um filme lindíssimo com fotos de todos os nosso meninos. Foi muito giro ver fotos de como eles nasceram e como estão actualmente. O filme serviu para demonstrar a luta de todas estas crianças. E devo dizer que existem crianças com uma força fenomenal. Confesso que quando estava a ver o filme me senti uma penetra. Depois de ver imagens de bebes de 500g, de bebés de 24 semanas as nossas 33 semanas pareceram insignificante. Depois de ver uma foto de o primeiro aniversário festejado durante o internamento na neonatologia não pode deixar de pensar na sorte que tivemos. Já imaginaram o que é ter uma filho internado durante um ano inteiro, um filho que ainda não conhece a sua casa, um filho que nunca dormiu no berço que compramos para ele, um filho que nunca tivemos só para nós.
Fiquei de facto maravilhada com o trabalho daqueles profissionais mas sobretudo com a coragem daqueles bébes e pais.
Entretanto os gémeos não paravam quietos. Procurei nos sacos do lanche e descobri que cada um tinha uma maçã. Dei-lhe para a mão para eles brincarem e quando dou por eles estavam todos contente a comer as maçãs.
Olhei para o marido que, ainda no outro dia lhes tinha tentado dar maçã partida aos bocados, a qual eles não comeram. E chegamos à conclusão que eles já gostam de roer a fruta.
Agora em casa tratamos de lhes dar a fruta para a mão e eles que se desenrasquem. O mais chato é depois de comerem temos que limpar o chiqueiro que eles fazem.