Dias na aldeia
Os dias na aldeia foram bons. O contacto com a natureza, a liberdade, a leveza do ar. Se nos primeiros dias tudo permanecia deserto nos dias seguintes notamos um aumento progressivo de população. Ainda assim nada preocupante. Em momento nenhum senti que estivéssemos em risco. Existem inúmeros locais onde tomar banho e como se não fossem suficientes as pessoas trataram de fazer pequenos diques improvisados aumentando assim a oferta.
Os rapazes brincaram muito. Caíram, arranharam as pernas em degraus e nas silvas. Comeram amoras quentes directamente das silvas Picaram as pernas nas urtigas. Encheram as meias de cardos e outras folhas secas que teimam em não sair. Colocaram os pés na levada e caminharam dentro dela, tal como eu fazia em miúda. Deram comer às cabras. Contaram as galinhas da prima. Tomaram banhos de rio, muitos banhos. Aprenderam a fazer saltar pedrinhas na água. Apanharam pinhas. Fizeram caminhadas. Comeram lanches improvisados onde calhava. Deram pão aos peixes de rio. Passaram horas a tentar apanhar alguns só com as mãos. Quando conseguiam tornavam a soltar o dito no rio. Adoraram ficar imóveis até sentir os pequenos peixes mordiscarem as peles mortas. Voltamos mas estamos a contar os dias para regressar.