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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Quem espera sempre alcança

Fomos à feira do livro. Assim que chegamos o Santiago disse que queria uma espada balão. Não sei bem onde arranjou a ideia mas não parava de pedir uma. Fomos andando, vendo e escolhendo livros. O rapaz estava animado mas continuava a pedir uma espada balão.  Um pouco mais à frente estavam a distribuir balões normais. Os rapazes aceitaram todos e eu pensei que o Santiago tinha ficado satisfeito. Andou contente algum tempo mas depois tornou a perguntar pela sua espada balão.

Corremos a feira toda e não vi ninguém a fazer modelagem de balões. Disse ao rapaz que não havia espadas feitas de balão e seguimos. Voltamos atrás porque os mais velhos queriam livros de uma determinada banca. Localizamos a banca, compramos os últimos livros e descemos o parque para abandonar a feira. O Santiago continuava a pedir a espada e eis que, no meio da multidão, encontramos uma espada balão perdida no chão. Olhamos em volta e ninguém procurava o objecto. O rapaz pegou prontamente nela e voltou para casa ainda mais feliz.

É caso para dizer que quem espera sempre alcança.

Hábitos que não vão embora

Na sexta-feira estávamos os dois sozinhos. Os rapazes tinham ido para os avós. Eu acordei e tratei de fazer as tarefas que tinha para fazer. O marido levantou-se e desafiou-me para dar uma volta. Começamos a caminhar, o marido resolveu colocar o telemóvel a contabilizar os quilómetros. Fomos andando e conversando. Exploramos um pouco as redondezas. Escolhemos estradas que não sabíamos onde iriam dar e resolvemos ver onde nos levavam. Voltamos a casa com o céu a ficar coberto de nuvens e com mais de 8 quilómetros percorridos. Seria de esperar que estivéssemos cansados ou doridos mas a verdade é que estávamos óptimos.

Sempre fomos pessoas activas. Antes de termos filhos todos os dias íamos andar. Chegávamos do trabalho jantávamos e íamos logo passear. As noites eram passadas na rua, estivesse frio ou calor e nem a chuva nos retinha. Saiamos sem relógios os telemóveis e andávamos livremente. Voltávamos a casa quando nos apetecia, muitas vezes percebíamos que nos tínhamos esticado na caminhada e que era mais tarde do que deveria ser.

O nascimento do Guilherme abrandou-nos mas não nos parou. Nesta altura ainda tínhamos o nosso Simba pelo que as caminhadas continuavam a existir. O marido deixou de estar as noites em casa, o Leonardo nasceu e o nosso ritmo diminuiu. Passamos a caminhar só ao fim de semana e os rapazes adoravam. Lembro-me do Guilherme suplicar para ir andar depois de jantar.

Fomos mantendo um ritmo moderado até eu ter ficado de cama na gravidez dos gémeos. Depois eles nasceram prematuros com todos os riscos associados e nós trocamos a rua pelo sofá. Estes primeiros anos foram vividos entre doenças pelo que não nos atrevemos muito a dar passeios à noite. Neste momento as coisas estão melhores e já fizemos algumas experiências com eles. Já fizemos caminhadas na nossa nova zona e ainda este fim de semana passeamos pelas ruas de Lisboa a ver as iluminações de Natal. Aos poucos sei que vamos recuperar o hábito que tínhamos, sei isso porque parece que é uma parte de nós. É uma daquelas coisas que é natural e nada forçada.