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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Uma passagem de ano inesquecível

Esta história de passar o Ano Novo em casa tem muito que se lhe diga. Eu tinha jurado nunca passar esta noite dentro da minha habitação ou, caso o fizesse, afirmei que passaria a meia noite barricada atrás do sofá. Infelizmente tive que quebrar uma parte da jura mas a outra cumpriu-se. Deixei-me ficar deitada no sofá e nem me aproximei dos quartos não fosse acabar atingida por um objecto não identificado. É melhor explicar.

A passagem de ano de 2006 para 2007  foi passada com a família, na terra do pai que fica bem ao lado da serra da Estrela. Estava um frio de rachar e nós fizemos uma imensa fogueira na rua para nos aquecermos. Dia um regressamos a casa, pois tínhamos que trabalhar no dia seguinte. Chegamos a casa e fui, logo, espreitar o quarto que o marido tinha estado a pintar antes de partirmos. Entrei no quarto e vi um belo tom de azul bebe pelas paredes, pronto para receber o nosso primeiro filho. Entretanto reparo numa falha na parede e começo logo a gozar com o marido:

- Já viste que falhas-te um pouco.

- Isso não estava assim quando eu sai! - afirma o marido.

- Como é que não estava assim? Não temos fantasmas em casa. Deves ter encostado a pedra mármore da escrivaninha à parede e esta raspou a tinta.

-Catarina não encostei, se vires bem a pedra está mais alta que a falha.

Eu avanço uns passos para olhar a imperfeição mais de perto. Chuto qualquer coisa e oiço um som metálico de uma coisa redonda a rebolar pelo chão. Olho para o marido e ele olha para mim, dizemos os dois ao mesmo tempo.

-Será que foi um tiro?

Olhamos para o estore do quarto e lá estava um pequeno buraco por onde a bala tinha passado. Andamos um pouco de rabo para o ar mas lá encontramos o projéctil. Por sorte, o marido tinha deixado a janela aberta, para sair o cheiro da tinta, e apenas o estore corrido. Pelo menos não tivemos despesas.

Chamamos a GNR que levou a prova do crime e nos fez questões do género: "Tem alguém que lhes possa querer fazer mal". Respondemos que não e que nem conhecíamos ninguém por aquelas bandas. A investigação mais rápida da história concluiu que seria uma bala perdida. Aparentemente os caçadores reúnem-se nas imediações e disparam para o ar para festejar a passagem de ano.

Felizmente ninguém se aleijou mas ainda tenho receio de passar esta noite em casa. Curiosamente este ano não ouvi tiros, ou então estava a dormir tão bem que nem dei conta.