Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Por norma a mãe tem sempre fama de ser mãe galinha. Cabe-me a mim desmitificar este mito.
A mãe por norma não é mãe galinha e só age assim incentivada pelo pai.
O menino chora e o pai aparece logo a correr para ver como é que se aleijou. O bebé faz uma careta a comer e o pai diz imediatamente que a sopa deve estar quente.
O pai está constantemente a analisar o filho, sabe dizer quantos arranhões e galos novos adquiriu nesse dia. Passa a vida a dizer ontem não tinha este galo ou este arranhão é novo.
O bebe espirra e o pai diz logo que o menino está doente. O bebe tem febre e o pai diz logo à mãe que tem que ir para o médico com o menino. Por vezes, tentamos explicar que não vale a pena ir logo para o medico que devemos esperar para ver como evolui. Acabamos por desistir porque o pai passa o resto da noite a tirar a febre de 5 em 5 minutos ou então está constantemente a dizer que o menino está quente.Vamos com o menino ao médico só para não o ouvirmos mais.
Desmintam-me se estou errada. Quando fá-lo com outras colegas e amigas todas me dizem que os maridos fazem exactamente as mesmas coisas.
Agora o marido até comprou os capacetes que vem nas fotos para os meninos não baterem com a cabeça.
Não vejo a hora de chegar ao pé dos meus meninos. Passou o dia a pensar neles, será que estão bem, será que comeram tudo, estão felizes?
Isto de ser mãe tem muito que se lhe diga, vivemos permanente com o coração nas mãos. Diria mesmo que o nosso coração só se acalma quando finalmente os temos todos ao pé de nós. Digo todos porque cada um dos meus filhos tem um cantinho especial no meu coração. Todos são especiais à sua maneira e é engraçado ver como apreciamos as diferenças deles. Dou por mim com um sorriso nos lábios a recordar situações que aconteceram com os miúdos, como no dizer ao Guilherme para ajudar o Leonardo a calçar-se e ouvir o pequeno a queixar-se: ó Guilherme estás a calcar no pé errado. Ou lembrar o som das gargalhadas logo de manhã, os pequeninos derretem-se com as macacadas dos mais velhos. Sim, por vezes o corpo está aqui mas a cabeça está longe a divagar, passo a vida a sonhar acordada.
E eis que finalmente são horas de me ir embora, apresso-me para ver os meus rapazes. Um vez a meio das escadas dar-me um abraço, os outros ainda só rebolam mas assim que me vêm começam logo a pedir colo. Se pego num o outro choraminga, agora que já começam a perceber começa a ser mais difícil. Se um tem um brinquedo o outro não descansa enquanto não lho tira, então o que foi roubado começa a chorar e o outro fica feliz da vida. Mas logo de seguida começa a situação inversa, passam a vida nisto e o brinquedo vai passando de um para o outro.
Depois vou buscar o mais velho que me dá abraços e diz que sou a mãe mais linda do mundo. O Leonardo ao ouvir o irmão diz-me logo que gosta muito de mim. Entretanto os mais velhos enchem os gémeos de beijos, nunca vi tanto namoro. Chegam a casa e fazem uma festa ao pai, querem contar tudo o que se passou durante o dia. Eu e o pai nem conseguimos falar um com o outro pois há sempre uma historia emocionante, ou uma pergunta, ou outra coisa qualquer e ainda só dois é que falam.
Por vezes resmungo que já não os posso aturar, tiram-me do sério. Mas quando não estão sinto uma falta deles terrível. Somos completamente doidos mas somos felizes.