Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
A minha vida mudou e eu vejo necessidade de me adaptar a estas novas rotinas. É necessário criar novos hábitos. A disponibilidade de tempo faz com que tenha mais tempo para dedicar a pequenas tarefas, cozinhar é uma delas. Tenho tido mais disponibilidade para preparar uma alimentação saudável. Consigo preparar refeições e snacks de raiz fugindo um pouco às coisas processadas que a ausência de tempo nos leva a consumir.
Outra resolução que tomei foi evitar o uso do carro quando tal é possível. Assim tenho caminhado os três quilómetros e meio que separam a nossa casa da escola dos mais velhos. Fazendo depois o mesmo caminho para regressar a casa acompanhada pelo Leonardo e por vezes do Guilherme.
Tenho poupado gasóleo. Eu sei que sete ou oito quilómetros é coisa pouca mas são entre 35 a 40 quilómetros por semana, cerca se 150 por mês. Para além de poupar combustível pesa também o facto de emitir menos uns gazes para a atmosfera, aliado ao facto de fazermos exercício físico.
São gestos mínimos mas temos que começar por algum lado.
Não existe nada melhor do que estar apaixonada. Ficamos de sorriso no rosto e nada nos tira o optimismo do espírito. A paixão trás uma força interior, um animo que nos faz mover montanhas.
No entanto a paixão nem sempre dura para sempre. Muitas vezes não é cultivada. Começam a existir pequenas situações que nos vão desmotivando. Seguem-se outras e mais outras. Quando damos por nós a paixão transformou-se numa espécie de ódio.
Foi exactamente isso que se passou comigo. Durante anos fui apaixonada pela minha profissão. Adorava o ritmo, a pressão, a adrenalina constante da procura de soluções. Não tinha qualquer problema em trabalhar doze horas por dia durante 6 dias da semana.
Entretanto as coisas mudaram. Eu mudei. A empresa mudou. Vieram novas ideias e deixem que vos diga que não sou nada contra novas ideias. Contudo quando vês que as iniciativas não são minimamente adaptadas à situação e são mudadas quase diariamente num ritmo que é impossível de acompanhar.
Quando assistes a más decisões, umas a seguir às outras, cresce uma revolta em ti. A paixão acaba e fica uma mágoa. Durante os últimos tempos andei totalmente insatisfeita com a minha situação. O marido pressionava para eu procurar outra coisa mas o receio e o comodismo falava mais alto. Deixei a situação arrastar-se na esperança de surgirem melhores dias. É difícil deixar algo que já nos foi próximo do coração.
Felizmente a resposta às minhas duvidas chegou. A empresa num processo de reestruturação teve que despedir pessoas. Eu já tinha demonstrado o descontentamento e referido a minha vontade em sair. Acabei por ser uma das contempladas.
Vou confidenciar que quando recebi a noticia fiquei com um sorriso de orelha a orelha, pode parecer mal afinal existem tantos desempregados, mas foi o que senti. Foi como se uma infinita possibilidade de coisas surgissem no horizonte. Como se um enorme peso me saísse de cima e eu conseguisse finalmente respirar.
Talvez daqui por uns tempos venha a ter uma perspectiva diferente mas neste momento só quero aproveitar este tempo em família que este verão me proporciona.
Nesta última semana o meu Guilherme está totalmente diferente. Acorda antes da hora, desce as escadas e prepara o seu pequeno almoço. Come, volta a subir e troca de roupa num instante. Ainda ontem já estava a sair de casa quinze minutos antes da hora do autocarro. Tive que lhe dizer para se sentar 10 minutos antes de sair.
Não sei bem a que se deve esta mudança e fico curiosa por saber. Ninguém muda assim de um dia para o outro. Não me estou a queixar. Agradeço imenso não ter que o chamar 500 vezes. Não ter que o avisar que o autocarro está a passar outras tantas. Agradeço principalmente a falta da ansiedade de pensar que não vai apanhar o autocarro e que vou ter que o levar à escola. Graças a ele as minhas manhãs têm corrido melhores. Tenho saído mais cedo de casa, tenho conduzido de forma mais calma e tenho chegado mais cedo ao trabalho.
Espero que a mudança seja para ficar e não apenas pela aproximação das mini férias.
Pensámos que a mudança de casa nos traria um maior sossego. Almejamos por mais tempo disponível, por serões mais tranquilos, por mais liberdade para os rapazes. Sim almejamos por muita coisa mas a verdade é que ainda não estamos nesse ponto. Por vezes a vida tem uma forma de nos pregar rasteiras, rasteiras estas que nos podem fazer cair ou abrandar dependendo da nossa reacção. Por aqui não caímos totalmente mas abrandamos.
A verdade é que não posso dizer que foi a mudança de casa que nos trouxe todos os problemas, provavelmente se estivéssemos onde estávamos, hoje em dia, teríamos os mesmos desafios. É o primeiro ano que lidamos com três estabelecimentos de ensino diferentes. É a primeira vez que lidamos com com um quinto ano e com todas as mudanças que isso trás.
Passaram pouco mais de seis meses desde a mudança, seis meses de aprendizagem constante. Foi necessário recomeçar ao mais ínfimo pormenor. Experimentar várias padarias da zona para perceber que pão nos agrada mais. Visitar todas as farmácias e ainda não me decidi qual é a minha favorita. Perceber onde existe uma retrosaria, uma churrasqueira,uma florista, um fotografo. Procurar pelo posto dos CTT, pela biblioteca e pela esquadra da policia.
Existe ainda imensa coisa para aprender e muita coisa a que temos que nos adaptar. Felizmente existe outras a que já nos habituamos muito bem. Adoro a calma da zona, a ausência de barulho. Adoro a proximidade do meio rural. Adoro acordar com o cantar do galo. Adoro ver as galinhas da vizinha a fazer malabarismo nos muros da casa. Adoro ver os cavalos e os póneis nos campos. Descobri uma imensidão de pássaros diferentes, deixo-me estar a observa-los nas árvores do quintal e, todos os dias, vejo espécies que nunca tinha visto. Outra coisa que adoro são os cheiros , o cheiro a lareira, o cheiro a fruta mais concretamente os citrinos, nesta época do ano. Estou apaixonada pela nossa laranjeira cujas laranjas são divinais, há anos que não comia laranjas tão boas.
Resumindo tudo muito resumido existem coisas boas e coisas menos boas mas não existe nenhuma péssima o que já é bom. Continuamos em processo de adaptação mas estou certa que mais uns tempos e teremos limadas estas arestas que ainda faltam limar.
Quando mudamos de casa esperamos que as coisas mudem para melhor. Mudamos de casa porque necessitamos e esperamos que essa mudança nos traga coisas boas. Mudamos porque queremos ficar mais perto do trabalho e assim gastar menos tempo e dinheiro em deslocações. Porque precisamos de mais e assim vamos conseguir funcionar melhor. Porque precisamos de menos espaço e assim vamos ter menos para limpar e arrumar. Mudamos porque queremos viver perto da praia, perto do campo, no centro da cidade. A verdade é que podemos mudar por mim e uma coisas mas o objectivo final é sempre melhorar.
Por aqui contamos com quase dois meses desde a mudança e já se notam muitas diferenças na nossa vida. Posso afirmar que me custou a adaptar a algumas coisas. A principal foi o facto de não ter o comércio tão à mão. Não é que não esteja perto de supermercados, aliás até tenho mais aqui na redondeza do que tinha na outra zona onde vivíamos. Contudo tinha um supermercado tão próximo de casa que ia sempre a pé às compras. Neste momento também posso ir a pé vou é demorar muito mais tempo para lá e não deve ser agradável fazer o caminho de volta carregada.
No entanto tudo o resto superou as minhas expectativas. Os rapazes adoram a casa, a liberdade, o espaço. Nós adoramos a tranquilidade e o silencio da zona. Adoro ouvir os grilos à noite e os pássaros de manhã. Desde que mudamos notei que reduzimos muito as horas que passávamos a ver televisão, principalmente os rapazes. Hoje todos os quatro têm que partilhar uma e a programação nem sempre agrada a todos. Se os mais velhos estão a ver algo que gostam os pequenos brincam. Se for o contrário os mais velhos aproveitam para ler. Por vezes à noite deixam os mais novos a ver televisão e vêm para ao pé de nós. Sentam-se a ver os mesmos programas que nós, começo a notar um certo interesse para certas séries e programas. Conversam sobre o assunto, expressam opiniões, fazem perguntas.
Noto que tudo isto nos faz crescer enquanto família. Passamos mais tempo juntos, fazemos mais coisas juntos. Se vamos apanhar folhas para o jardim todos ajudam. Se vamos limpar todos arrumam. Aos poucos vamos criando novas rotinas mas cada vez mais estou certa que mudamos para melhor.
Devido à velocidade com que a mudança de casa se desenrolou fiquei preocupada sobre uma creche para os gémeos. É certo que há muitas creches na zona nova mas poucas que a nossa carteira consiga pagar. No passado dia 24 fui, não muito confiante, a uma IPS perguntar se tinham vagas para dois meninos de dois anos. Para meu grande espanto disseram-me que sim e que poderiam começar já no inicio de Maio. Entrei então numa corrida contra o tempo para reunir a documentação necessária, que é mais que muita já agora, e conseguir anular a matricula no estabelecimento antigo. Felizmente o universo sorriu para nós. A creche antiga aceitou a desistência embora não tenhamos cumprido os quinze dias de antecedência. A medica passou as declarações sem ser necessário leva os pequenos a uma consulta. O resto da documentação foi só preencher e fotocopiar papelada. Três dias depois já estávamos com tudo em dia para podermos entrar.
Ontem, foi então o grande dia. Os pequenos iam eufóricos no carro por saberem que iam para uma escola nova. Entraram contente, começaram logo a brincar e nem quiseram saber de mim para nada. À hora de almoço liguei para saber deles. Disseram-me que a manhã tinha corrido lindamente e que estavam a dormir de mão dada. Quando os fui buscar estavam sentados à mesa tão entretidos que nem deram por mim. Na viagem para casa contaram-me tudo sobre o dia, eu não percebi metade mas não faz mal.
Foi um bom dia e espero que continuem a gostar. É bom terem um pouco de tempo para se habituarem à escola nova antes da mudança de casa, assim não são muitas mudanças ao mesmo tempo.
Muda-se o ano e passa ser uma chatice acertar na data. Por norma costumo andar sempre a colocar o mês anterior, agora com a mudança do ano passo a falhar também essa opção. Costumo entrar nos eixos em relação ao ano lá para Março/Abril pelo que até lá ainda vou escrever muitos 2016.
Outro problema que tenho é com as mudanças das passwords no computador. Só a mudo no dia em que o computador me indica que não faz mais nada se não o fizer. Ando os meses seguintes a colocar como primeira opção a password que já expirou e só quando recebo uma mensagem de erro é que me recordo da nova. Quando me mentalizo da nossa password e começo a gostar dela, o computador informa-me que é altura de mudar e começar tudo outra vez.
Este ano, para começar mesmo em grande, tive que mudar a password logo no primeiro dia o que implica que para além de não acertar na data também não acerto na password....