Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
O meu coração transborda de orgulho por este meu rapaz finalista. Nem acredito que conseguimos. Remamos contra marés intensas debaixo de tempestades. Lutamos uma batalha que muitos pensavam estar perdida desde o inicio. Eramos o David e o adversário o Golias. Foi difícil. Muito choro e sensação de impotência. Muitas incertezas sobre se estávamos a fazer o caminho certo. Muitas duvidas sobre se estávamos a ser bons pais nesta decisão de contrariar os médicos.
No fim da tempestade veio a bonança e consigo ver um céu azul. Vejo o meu rapaz finalista com uma média de bons e zero medicamentos. Fico babada com o feito que ele alcançou e sonho com o que poderá ainda alcançar. Sei que esta tempestade passou mas as próximas serão ainda maiores. O estudo vai complicar e não espero que seja fácil acompanhar mas cá estaremos para o ajudar a lutar.
Ontem foi dia de consulta de desenvolvimento do Guilherme. Foi uma consulta rápida porque neste momento ainda estamos numa fase de habituação há escola. O Guilherme está completamente integrado na escola, quer com os professores quer com os colegas. Contudo os resultados das fichas intercalares não foram os melhores. Estávamos habituados a que tivesse bons e muito bons e desta vez ficou-se pelo satisfaz. Confesso que fiquei preocupada e falei com a professora que me descansou dizendo que os resultados das fichas não coincidem com o que ele sabe e com o seu desempenho na sala de aulas. A professora disse-me que lhe deveríamos dar tempo para se adaptar e que falávamos novamente após os testes do final de período.
Mesmo depois desta conversa não fiquei descansada e ontem referi à médica as notas que ele tinha tido. Primeiro a médica perguntou-me se a escola era mais rigorosa ao que eu respondi que pensava que não. Claro que fiquei a pensar sobre o assunto e se calhar até é um pouco mais rigorosa, pelo menos a nível dos trabalhos de casa trás o dobro do que trazia o ano passado. Mas mais rigorosa ou não sei que ele é uma criança capaz de atingir outro tipo de notas.
Depois a médica disse-me que já deveríamos estar à espera que as notas começassem a descer. Eu expliquei que ele sabe as coisas mas faz tudo a correr e de cabeça no ar. Muitas são as vezes em que a pergunta é o que é o X e ele responde o que é o Z. Mais uma vez, a doutora explicou-me que tudo isso são sintomas do défice de atenção. Ele começa a ler a pergunta mas farta-se e deita-se a adivinhar o fim da mesma. Explicaram-me também que este tipo de problemas são muito mais difíceis de detectar do que por exemplo a hiperactividade. Porquê? Uma criança hiperactiva, por norma, perturba a sala, logo o professor queixa-se muito mais cedo da dita criança. No nosso caso a hiperactividade está superada ou pelo menos muito reduzida, o que faz com que ele se porte bem na sala.O único sintoma é, por vezes, estar desatento o que os professores não estranham porque é normal numa criança.
A médica disse-me, mais uma vez, que deveríamos passar para a medicação. A tão famosa medicação da qual andamos a fugir à quatro anos.
Saímos da consulta com nova marcação para Janeiro. Em Janeiro reavaliaremos a situação, consoante foram os resultados dos conners e dos testes, decidiremos se começamos ou não a medicação. Nem perguntei em que é que consistirá a mesma. Se calhar deveria ter perguntado de forma a poder pesquisar os seus efeitos mas acho que ainda estou em fase de negação.
A verdade é que não quero medicar o meu filho e vimos a lutar contra este sistema à vários anos. Mas também é verdade que quero o melhor para ele e o melhor para ele não será ter um bom aproveitamento escolar? Como é que vai ser um adulto de sucesso se não tiver estudos? Como é que vai progredir nos estudos se não aprender agora bem as bases?
Devo dizer que estou muito confusa sobre o assunto. Já pensei em coloca-lo num centro de estudos para o ajudarem a subir os resultados. Eu e o marido falamos em coloca-lo lá umas horas ao sábado, único dia em que o menino tem disponibilidade, mas depois perguntámos-nos quando é que ele vai ter tempo para brincar? Entre escola, piscina, musica e explicações quando terá tempo para ser criança?
Acho que vou ter que deixar de pensar sobre o assunto e simplesmente deixar o tempo seguir o seu rumo. Vou tentar ajudá-lo mais, vou tentar prepará-lo melhor para os testes que se avizinham e, quem sabe, talvez consigamos subir as notas. Fiquem a torcer por nós.
Na sexta-feira foi mais um daqueles dias de consultas. Tínhamos consulta de enfermagem às 9H pelo que tivemos que nos levantar mais cedo do que o habitual. Chegamos ao hospital pouco depois das 8:30 mas acabamos por só entrar perto da 10H. Pesamos e medimos os meninos, estão ambos com a mesma altura e peso embora, à vista, pareça que há diferenças entre ambos. Depois seguimos para a consulta de alergologia, vamos começar com o flixotaide 125mg, 2 vezes ao dia, como tratamento profilático.Fiquei um pouco receosa porque os doutores avisaram-me que este medicamento estraga os dentes dos meninos, teremos que ter muito cuidado e escova-los sempre depois das bombadas. Regressamos em Janeiro e se as queixas de falta de ar continuarem deveremos iniciar o singulair.
Seguimos para a consulta de otorrino. A doutora começou por ver primeiro o Salvador porque o Santiago estava a dormir. Indicou-nos que estava tudo óptimo com o Salvador e nós respiramos de alivio. De seguida foi observar o Santiago e diz-nos que o Santiago tem que ser operado. Saímos do gabinete munidos de requisições e receitas. Tem que fazer um tratamento com actifed durante 15 dias em conjunto com brufen e uma gotas no nariz durante os primeiros 5 dias. Depois temos que fazer um RX, análises e um exame auditivo. Voltamos em Fevereiro, já com os exames, para marcar a operação.
A operação não é novidade para nós, até porque, os mais velhos já passaram por este procedimento. Mas fica sempre um nervoso miudinho. Ficamos sempre com a esperança que, os exames revelem que afinal não é necessário. Mas não podemos ficar ansiosos até porque se de facto precisa mais vale agora porque recuperam muito mais rápido.
Para já começamos com o tratamento. Vou dar os xaropes ao Santiago e tenho o Salvador a pedir também. Acabo por lhe por a seringa, já sem nada, na boca para fingir que lhe dou remédio. Em relação às gotas no nariz está a ser mais fácil do que pensava. Por norma as crianças costumam chorar e espernear quando lhes tentamos colocar gotas. O Santiago fica sossegado e rir que nem um perdido de cada vez que uma gota lhe entra nas narinas.
Nós, pais, rimos com ele. É de facto um bebe muito bem disposto.