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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Cá em casa é assim

- Bem vou acender o grelhador para o almoço.

Sai para o quintal:

- Catarina chega-me ai um boné que está sol.

- Dá ai uma garrafa de água.

- Dá-me a carne para grelhar.

- Dá-me uma tesoura para separar as salsichas. Já podias ter feito isto.

- Onde está o garfo do churrasco?

- Trás ai um tabuleiro para ir colocando a carne pronta.

Eu tento fazer o resto do almoço enquanto respondo ao inúmeros pedidos do marido. Para além disso tenho que ir dando um olho nos rapazes e estar atenta ás necessidade deles.

- Mãe quero água.

- Mãe quero pão.

- Mãe tenho tanta fome.

- Mãe a televisão está lenta.

- Mãe preciso de ajuda neste exercício dos trabalhos.

Ás tantas respondo de uma forma mais brusca ao marido, do género:

- Porque é que não pedes tudo de uma vez?

E a resposta é sempre igual:

- Já vi que estás mal disposta.

O pior é que estava a falar com umas amigas no outro dia e elas queixam-se exactamente do mesmo. Será mal geral dos homens?

 

 

Depois das férias!

As férias passaram e chegou o mau humor, veio acompanhado pela tristeza de não poder aproveitar mais uns dias. Passamos o ano à espera destes dias mágicos que supostamente nos vão repor as energias e vitalidade mas a verdade é que não costuma ser assim. Por norma as férias são épocas de excessos. Aproveitamos os dias ao máximo. Por vezes roubamos umas horas ao sono para ter a certeza que fazemos render bem o peixe. Corremos para cá e para lá a tentar fazer um milhão de coisas que idealizámos, no fim percebemos que aspirámos demais e só metade foi cumprida.

Quando temos crianças então a coisa é ainda pior. Queremos que façam praia porque faz bem. Que passem uns dias no campo porque o ar puro faz milagres. Queremos que conheçam museus para que tenham cultura. Queremos passear, ir ao parque, montar puzzles e jogar jogos de tabuleiro. Queremos desfrutar dos nossos filhos ao máximo porque sabemos que estão a crescer e, cedo, vai chegar a hora em que já não quererão nada connosco.

Depois os escassos dias de férias chegam ao fim e eu fico com a sensação de não ter aproveitado o suficiente. Instala-se o mau humor de ter que voltar ao trabalho. Fico enraivecida com o facto de ter que estar nove, dez horas fora de casa e apenas duas ou três com os rapazes. É tão difícil passar uns dias tão bons e depois ter que abrir mão. 

Por isso sim, estou rabugenta, chateada e de mau humor. Ando com cara de poucos amigos e vou andar assim mais uns dias. Entretanto vou habituar-me ao ritmo novamente, vou voltar a sentir a adrenalina do trabalho. Talvez recupere o gosto pelo que faço, ou talvez não mas isso já é outra história, e esta nuvem negra que paira sobre a minha cabeça vai acabar por se dissipar.