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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Estou a tentar deixar de ser mãe galinha!

Isto de abrir algum controlo sobre a vida dos nosso filhos não é nada fácil sobretudo para maníacos do controle como eu. Contudo sei que não é benéfico para eles. Eu tive uma infância repleta de liberdade e  bem sei a felicidade que sentia. Bem sei que os meus filhos nunca poderão ter a liberdade que nós tivemos quando éramos pequenos devido à altura em que vivemos mas eu estou a esforçar-me para lhes dar alguma.

Para o ano o Guilherme irá para o quinto ano e isso poderá implicar sair ou entrar na escola a horas que nós não o possamos acompanhar. Estamos então a tentar aos poucos dar-lhe mais autonomia para que não seja um choque para ele. Começamos então a deixa-lo ir brincar para a rua.

A primeira vez que aconteceu vínhamos do parque e passamos por una rapazes a jogar à bola. Ele quis ficar e como os rapazes o deixaram juntar ao jogo nós deixámos. Deixei os restantes em casa com o pai, peguei num livro e fui sentar-me no banco do jardim a vê-lo. Ele percebeu e veio questionar-me porque é que eu estava a espia-lo ao que eu respondo que resolvi aproveitar para me sentar ao sol a ler um livro. Sei que ele ficou contente pela ideia de confiarmos nele e depois não gostou que eu voltasse atrás mas era a primeira vez e eu não conhecia nenhum dos outros rapazes. Enquanto li o meu livro admirei a forma como os outros rapazes, todos mais velhos, o protegeram. Uns mostraram-lhe truques e passes de bola, outro tratou de lhe cortar o caminho e repreende-lo quando tentou ir buscar a bola que tinha ido parar à estrada.Voltei para casa confiante que deveríamos fazer o mesmo mais vezes.

Foi assim que lhes começamos a dar um pouco mais de liberdade. Sugerimos que fossem ao parque sozinhos e eles foram. Nós ficamos a controlar os dois rapazes da janela e correu tudo bem. As saídas ao parque intensificaram-se e cada vez passam lá mais tempo. Começam a preferir passar tempo na rua a ver televisão e nós até agradecemos. Ficamos à janela ou sentados no sofá a ouvir o ranger do baloiço lá em baixo e é uma sensação muito agradável.

 

Jurei que nunca ia ser uma mãe assim

Se me perguntassem há uns anos eu jurava que nunca ia ser uma mãe galinha. Não ia ser daquelas mães que não largam os filhos, que se preocupam com tudo e mais alguma coisa. Não, eu era e sou um espírito muito livre, sempre pensei que seria capaz de confiar no destino quando toca aos meus filhos.

Jurei que não seria daquelas mães que vão levar os miúdos à sala e têm sempre mil recados a dar. Daquelas mães cujos filhos entram todos contentes na sala e elas ficam à porta com um olhar de cachorrinho à espera de um ultimo aceno ou beijinho mandado pelo ar. Eu dizia à boca cheia que não ia ser daquelas mães que fica a ver os miúdos entrarem no autocarro, quando vão para passeios. Que procuram os seus filhos no meios dos outros todos e depois vão a correr ao lado do autocarro a acenar até este ganhar uma velocidade que não conseguem acompanhar.

Eu não ia ser daquelas que fica com o coração nas mãos cada vez que vão a um passeio. Que se preocupa o dia todo se eles estão bem e que só descansa quando os têm novamente debaixo das suas asas.

Sim eu disse e pensei muita coisa mas a verdade é que não podia estar mais errada.

A verdade é que eu transformei-me numa destas mães. Tenho sempre recados a dar à educadora, fico à espera que entrem no autocarro, aceno-lhes freneticamente enquanto se afastam, pergunto-me o dia todo se estarão bem. Compro-lhes demasiadas coisas que no fundo nem precisam, tenho dificuldade em dizer-lhes não. No fundo tornei-me em tudo o que não me queria tornar mas agora que aqui estou percebo que não é assim tão mau.

Percebo que o amor modifica-nos. O medo de perder aqueles que amamos aterroriza-nos. Mas isso apenas significa que somos capazes de amar e temos quem amar. Já não me importo de ser uma mãe galinha apenas peço para conseguir ter o discernimento para perceber onde devo parar, porque quero que cresçam com autonomia.

E nós é que somos mães galinha

Por norma a mãe tem sempre fama de ser mãe galinha. Cabe-me a mim desmitificar este mito.

A mãe por norma não é mãe galinha e só age assim incentivada pelo pai.

O menino chora e o pai aparece logo a correr para ver como é que se aleijou. O bebé faz uma careta a comer e o pai diz imediatamente que a sopa deve estar quente.

O pai está constantemente a analisar o filho, sabe dizer quantos arranhões e galos novos adquiriu nesse dia. Passa a vida a dizer ontem não tinha este galo ou este arranhão é novo.

O bebe espirra e o pai diz logo que o menino está doente. O bebe tem febre e o pai diz logo à mãe que tem que ir para o médico com o menino. Por vezes, tentamos explicar que não vale a pena ir logo para o medico que devemos esperar para ver como evolui. Acabamos por desistir porque o pai passa o resto da noite a tirar a febre de 5 em 5 minutos ou então está constantemente a dizer que o menino está quente.Vamos com o menino ao médico só para não o ouvirmos mais.

Desmintam-me se estou errada. Quando fá-lo com outras colegas e amigas todas me dizem que os maridos fazem exactamente as mesmas coisas.

Agora o marido até comprou os capacetes que vem nas fotos para os meninos não baterem com a cabeça.

 

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