Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Senti a casa a casa a estremecer, ouvi o barulho de vidro a vibrar, os copos tilintaram nos armários. Os pássaros calaram-se, os galos deixaram de cantar, o único ruído que se ouvia era o dar estruturas a oscilar. Eu fiquei parada no mesmo sitio a tentar perceber se o chão estava mesmo a abanar ou se era tudo fruto da minha cabeça. Quando parou espreitei para a rua e estava tudo normal. Os vizinhos não saíram de casa. Os rapazes continuavam a dormir. Os pássaros voltaram ao ritmo normal.
Liguei a televisão e não havia noticias sobre o assunto. Pensei que tinha alucinado até que, quando me preparava para desligar a televisão, apareceu a noticia do pequeno sismo que foi sentido na zona de Lisboa. Foi de uma intensidade pequena mas foi bastante perceptível pelo menos para quem está acordada como eu. Quem mais sentiu o chão a tremer e ganhou um novo respeito pela força da natureza?
Na sexta, de manhã, fui a uma consulta em Lisboa com o Leonardo e devo dizer que cada vez tenho mais paciência para conduzir na cidade. Ora vejamos:
· Trânsito
· Filas
· Semáforos a cada 10 metro
· Buzinadelas com fartura
· Aquele constante primeira e segunda velocidade. Se colocamos uma terceira já é uma festa.
· Temos os espertos que praticamente nos atiram o carro para cima porque acham que temos que parar para os senhores doutores entrarem.
· Semáforos que mudam de cor sem que nos mexamos do mesmo sitio. Tudo porque ninguém respeita aquelas zebras amarelas
· Passadeiras obstruídas por carros que ignoram os sinais. Estão os peões a tentar passar com o sinal verde para eles e os carros ali em cima a tentarem passar também
· Estacionar é para esquecer
· O ponteiro do combustível a descer rapidamente de tanto para arranca
Gabo a paciência das pessoas que trabalham diariamente em Lisboa. Bastou uma manhã e já estava capaz de arrancar os meus próprios cabelos. Sinceramente não sei como é que sobrevivem.
O marido quis fazer-me um miminho. Ora o que é que se dá a uma gulosa? Doces claro. Resolveu portanto levar-me a comer um gelado à Magnum Store.
Fomos todos contentes para Lisboa. Chegamos à loja e a fila chegava à porta. Ocupamos o nosso lugar no fim da mesma e esperámos. Esperámos, esperámos e esperámos. Cerca de dez minutos depois ainda estávamos exactamente no mesmo sitio.
Acabei por arrastar o marido de lá para fora porque não tive paciência para perder a tarde toda numa fila só para comer um gelado. Acho que vou esperar para a coisa passar de moda para poder ir experimentar.
Acho que todos podemos concordar no facto que temos um pais lindíssimo. Praias fluviais estupendas, trilhos de florestas de tirar o fôlego, zonas históricas espetaculares. Por vezes algumas dessas paisagens estão tão próximas de nós que nem lhes damos o devido valor. Passamos apressados por elas sem lhes dedicarmos poucos segundos. Este é o resultado quando olhamos com olhos de ver.