Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

A ligação entre gémeos é totalmente incompreensível.

Apanhei algumas nêsperas no quintal e fui sentar-me à mesa para comer algumas. Assim que comecei a descascar o Santiago aparece do nada.

- O que é isso?

- É fruta. 

- Como chama?

- Nêsperas. Queres provar?

- Sim.

- É bom! Quero mais. - disse enquanto se sentava à mesa 

Assim que se sentou ouvi passos apressados no piso de cima em direcção da escada. Os passos começaram a descer as escadas e ouvi:

- O que é que o Santiago está a comer?

Ainda tentei perceber como é que ele sabia que o irmão estava comer mas a verdade é que a ligação que os une é totalmente incompreensível. Por vezes juro que o que um come o outro saboreia também. Este foi mais um desses casos, claro que tive que dividir as nêsperas pelos dois. 

Coincidência ou pressentimento?

Fiquei a saber que no dia da operação do Santiago o Salvador esteve bem na creche. Contudo segundo a educadora por volta das nove e um quarto o rapaz deu em chorar sem motivo nenhum e só chamava pelo mano. Disseram-me que esteve assim meia hora, depois parou e passou o resto do dia animado.

O curioso disto tudo é que eu sei que o Santiago estava a ser operado exactamente no período de tempo em que o Salvador chorou. Coincidência ou pressentimento?

Cumplicidade entre gémeos

Toda a vida ouvi falar da cumplicidade entre os gémeos, todo este burburinho me deixava com a pulga atrás da orelha.

Quando descobri que ia ser mãe de gémeos fiquei feliz e por um lado até aliviada. Os mais velhos sempre foram unha e carne, eu tinha receio que esta proximidade entre os dois e a diferença de idades, impedisse a junção de uma nova criança a esta relação. Ora quando descobri que seriam dois fiquei feliz porque teriam sempre um ao outro.

Entretanto os gémeos nasceram e começaram a crescer. Confesso que fiquei desiludida porque durante muito tempo não vi nenhuma relação especial entre eles. De facto, o único sentimento que pareciam apresentar um pelo outro era o ciúme, bastava pegar num que o outro também queria. De resto parecia que nem sabiam que o outro existia.

O tempo foi passando, o ciúme foi diminuindo e começou a nascer uma relação. Começou como uma planta que cresce e dá origem a um pequeno botão, que depois floresce numa linda e maravilhosa flor. Começaram a rir-se um para o outro, começaram a acordar-se um ao outro, começaram a seguir-se um ao outro.

Hoje em dia, já não passam um sem o outro. Riem-se que nem perdidos a brincares às escondidas nos cortinados. Choram os dois mesmo quando só ralhamos com um. Choram os dois mesmo que só um se tenha aleijado. Se um se deita no chão o outro corre a deitar-se em cima.  Dão gargalhadas enormes quando se salpicam um ao outro no banho. Se solto um, depois de comer, este fica à espera que eu limpe e solte o irmão. Assim que o irmão coloca os pés no chão o outro faz-lhe sinal como quem diz "Segue-me" e lá vão os dois juntos explorar alguma coisa.

Sinto-me uma mãe orgulhosa de ver esta cumplicidade a crescer. Aos poucos vão apreendendo a trabalhar em conjunto como quando querem empurrar a mesa da sala. Podiam colocar-se um de cada a lado a tentar mas não. Juntam-se os dois no mesmo canto e empurram em conjunto até conseguirem chegar à televisão. Acho fantástico que sendo tão pequeninos já trabalhem tão bem em conjunto. Resta-me esperar que nunca se esqueçam que juntos serão sempre mais fortes e que esta cumplicidade continue a crescer.