Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Decidida a aproveitar este verão ao máximo rumei à aldeia com os rapazes. Aqui a net é quase nula, a televisão não funciona. Não existem muitas crianças e a mala dos brinquedos ficou esquecida em casa. Tudo isto poderia traduzir-se em tédio mas nada disso. Os rapazes estão a adorar. Brincam apenas com a imaginação. Exploram todos os recantos da aldeia e o meu coração já parou quando os vi num telhado duma palhota. Cansam as pernas em caminhadas. Refrescam o corpo com banhos de rio. Assassinam as pernas e braços para apanhar amoras.
Este ano tivemos umas férias diferentes. Em vez de fazermos praia rumamos ao norte para a terra onde o meu pai nasceu e eu passei tantos verões.
Soube maravilhosamente matar saudades daquele local de onde tenho tantas boas memórias. Foi maravilhoso aproveitar uns dias de paz e silêncio. É um local onde apenas os barulhos dos animais e da água se fazem ouvir.
Foi óptimo ver os rapazes em liberdade, a comer amoras directamente das silvas.
Apanhar maçãs bravas e uvas doces como o mel onde quiséssemos.
Beber água fresca a qualquer hora. Basta ir à fonte e encher um recipiente.
Longos banhos de rio.
Acabou depressa e esse foi o principal defeito destas férias.
Ontem chegaram felizes e cheios de histórias para contar. Falavam tão depressa e todos ao mesmo tempo. Foi difícil conseguir que se expressassem de forma perceptível e um de cada vez.
Todos gostaram e os mais velhos já fizeram amigos o que é óptimo já que não conheciam ninguém. Foram ao banho várias vezes. Os pequenos vinham felizes por saltar as ondas. Os mais velhos radiantes porque os deixam ir até às águas mais fundas.
As mochilas e eles continham tanta areia que se multiplicar isto pelo número de crianças e os dez dias de praia receio que não deixem nenhuma para trás.
A logística é cansativa. Roupa para lavar e secar. Banhos demorados para retirar areia e protetor solar. Quatro mochilas para preparar. Acordar de madrugada e despachar todos muito depressa. Depois aguardar o regresso.
É desgastante mas insignificante quando comparado com os sorrisos deles.
É a palavra que melhor me descreve. Estou ansiosa e assim vou estar o resto do dia. Enviei os meus filhos para a praia. Sim, todos os meus filhos.
Estive lá quando entraram para o autocarro. Acenei freneticamente, com felicidade, à medida que se afastavam. Entretanto a alegria deu lugar a um anseio. Ficou um aperto no peito. Uma dúvida se a opção tomada tinha sido a certa.
Sei que é um autêntico disparate. Vão voltar cansados e felizes. Cheios de areia e com cheiro a sal e a sol.
Eu vou ficar radiante de os ver contentes e esquecer automaticamente os meus receios. Até lá conto as horas para os rever. O primeiro dia é sempre o pior.
Isto de ter de entreter dois rapazes de férias não é fácil. Os dias de chuva não permitem grandes saídas e a minha saúde também não. Apesar disso recuso-me a deixar que os dois ganhem raízes à frente da televisão. Estipulei horas para brincar, ler e ver televisão. Até agora está a correr bem tirando a parte da leitura. Estamos no início do quinto dia de férias e o Leonardo acabou ontem o quarto livro.
Numa média de um livro por dia estou na iminência da banca rota. Na biblioteca municipal não encontramos nada novo. Ainda bem que nas próximas duas semanas vão para a praia.
Os últimos dias foram terríveis. Entre papéis de matrículas para preencher e documentos para reunir. Juntem a isso bolhas nos dedos de tanto apagar livros e várias idas à escola para entregar os manuais. Dias com meio dia de aulas por causa das provas de aferição. Festas de final de Ano.
O fim do ano escolar significa sempre um sprint final para chegar à meta mas conseguimos. Para o ano iniciamos uma nova etapa sem uma criança no ensino primário. Ainda não acredito que vamos ter um rapaz no sétimo e outro no quinto ano. Eles estão felizes por voltarem a estar na mesma escola. Eu estou contente mas continuo a pedir ao tempo para passar mais devagar.
O Guilherme está feliz da vida porque a escola já terminou. O Leonardo anda amuado porque vai ter mais 4 dias de aulas que o irmão. Diz a alto 3 bom som que é uma grande injustiça. Não adianta explicar que destes quatro dias apenas um será completo. Os outros três serão apenas meio tempo por causa das provas de aferição e da festa.
Os pequenos fazem birra porque também querem ficar em casa. Os irmãos têm muitas férias e a escola deles nunca acaba. Resta dizer que os últimos dias não foram fáceis e suspeito que os próximos também não serão. Muitas birras ainda vão surgir até Setembro. Quem é que adora as férias intermináveis de verão?
No penúltimo dia passeamos pelas imediações de Pozzuoli. Vimos o azul do mar à concorrer com a cor do céu. Vimos paisagens lindas, o recorte da costa, as praias. No fim ainda conseguimos molhar os pés e tudo.
No último dia fomos conhecer o vulcão Solfatara. Sentimos o cheiro a enxofre muito antes de ver a cratera. Infelizmente não visitamos o vulcão porque as instalações estão fechadas para manutenção mas conseguimos ver as fumarolas à distância.