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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Aniversário na Sexta feira Santa

No início do ano percebi que o meu aniversário iria calhar na sexta feira santa. Fiquei contente pelo facto de poder ter a família junta neste dia especial. Os miúdos não teriam que ir à escola, o marido não iria trabalhar. O fim de semana iria ser prolongado numa época que previlegia a família. Pensei convidar alguma família e amigos para acamparem cá em casa. Imaginei a casa cheia, com sofás transformados em camas, colchões insufláveis pelo chão, crianças a partilharem lençóis e uma mesa cheia.

Mal eu sabia que viria um minúsculo ser invisível a olho nú e nós roubar ia a liberdade, ainda que momentaneamente. Mal eu sabia que nem poderia abraçar os meus pais, os meus amigos. Que não teria a casa cheia de risos.

No entanto agora não é altura de lamentar mas sim de agradecer. Estamos todos bem ainda que separados. Tenho o marido e os meus filhos ao meu lado. O telemóvel não pára de tocar com mensagens e vídeos de parabéns. 

Estou agradecida, tão agradecida por tudo o que a vida me proporciona. Agora vou aproveitar o dia. Fazer um bolo com os miúdos para mais tarde cantar os parabéns. Talvez fazer uma vídeo chamada na altura para nos juntarmos ao que estão longe. 

A distância só é grande se a deixarmos ser. 

Parar

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Não fiz horários nem ementas semanais. Não tenho planeadas actividades nem ocupações para os tempos livres.

A meu ver a nossas crianças estão sujeitas a uma correria constante no dia a dia. Estão tão habituadas a que alguém lhes diga o que fazer durante todas as horas do dia que não sabem o que fazer quando isso não acontece. Estamos aborrecidos! É uma coisa que dizem sempre que estão desocupados.

Pois quero aproveitar este isolamento para ensinar aos meus filhos a promoverem as suas próprias ocupações ou desocupações.

Um simples momento a relaxar ao sol é para mim uma grande vitória 

Tempos dificeis

Os rapazes sem escola. O marido com o braço direito imobilizado e cheio de dores. A mãe preste a enlouquecer só de pensar que vai passar quase mais um mês a tratar de cinco.

Adoro a minha família mas todos precisamos de espaço, ou pelo menos eu preciso de espaço. Gosto da algazarra mas também adoro a solidão, só eu e o meu livro sem interrupções. Ontem fugi para o quintal, só para poder ler algumas páginas sossegada. Ainda assim ouvi os rapazes dentro de casa a chamar por mim. O pai dizia que eu tinha saído mas eles continuaram no meu encalço. Por fim o Santiago vestiu o casaco, calcou os sapatos e foi dar comigo escondida na cama de rede. Claro que já não se calou mais, estão numa fase que falam pelos cotovelos. Falam tanto que fico com a cabeça cansada só de os ouvir.

Chamam por mim 5000 mil vezes. Pedem comer a toda a hora. Tentamos explicar que a comida não abunda nos supermercados e que devemos evitar esses sítios. Na verdade a minha decisão de evitar os supermercados não é tanto pelo receio de apanhar o vírus, mas sim pelo comportamento humano. A ultima vez que pus os pés num assisti a duas mulheres que quase partiram para a violência pelo ultimo molhe de brócolos. É triste ver este tipo de comportamentos mas demonstram bem o que nos tornamos. Pensamos em nós, nós, nós, nós , nós e só depois nos outros. Se tivemos este descalabro por causa de um vírus imaginem se estivéssemos perante uma situação extremamente grave. 

Seria bom que agora que a maioria está fechada em casa  aproveitasse para reflectir sobre as nossas atitudes e valores. A mudança parte de todos nós.

Nós por aqui vamos tentar gerir o comer que temos em casa e talvez recorrer às entregas em casa, se ainda estiverem a funcionar.