Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Por vezes, quando pensamos que a nossa vida segue pelo caminho certo o destino resolve brincar connosco. Seguimos a estrada que é a vida e deparamos-nos com uma encruzilhada. Dois caminhos para escolher sem saber bem qual escolher. Ambos com prós e contras. A duvida instala-se em nós e ficamos ali parados na encruzilhada sem coragem para dar o passo em frente.
Imaginamos como será a nossa vida se seguirmos o caminho A ou B com a expectativa de uma decisão. Contudo a decisão é mais difícil do que parece. Optamos por racionalizar as coisas, pesar os aspectos favoráveis e desfavoráveis de cada percurso mas nem sempre a balança fica desequilibrada.
Optamos então por pedir auxilio aqueles que são importantes para nós e que sofrerão, ainda que indirectamente, com a nossa escolha. Mas o que se diz a uma pessoa numa encruzilhada da vida? Não podemos escolher por ela. Não podemos dar uma opinião concreta porque isso pode levar a uma escolha e se a escolha se revelar a incorrecta? Não queremos esse peso na consciência. A única coisa a fazer é ajudar o nosso amigo ou companheiro a analisar a situação com outros par de olhos. E se mesmo assim não existir um consenso temos que o incentivar a escolher. A escolha final terá que ser do protagonista mas pode ficar tranquilizado sabendo que terá sempre alguém do seu lado para o bom e para o mau.
Assim perante as encruzilhadas da vida apenas nos resta escolher um caminho e seguir viagem. Não vale olhar para trás nem pensar como teria sido se tivéssemos optado pelo outro. Temos que continuar a caminhar sabendo que escolhemos aquele caminho e agora teremos que fazer tudo para que corra bem.
O tempo que passamos juntas foi curto demais. Treze foram as semanas em que te transportei dentro de mim e mesmo assim deixaste uma marca profunda no meu coração. Não passa um dia em que não pense em ti e como poderia ser o nosso presente, se a vida tivesse seguido um rumo diferente. Embora pense em ti todos os dias por esta altura do ano custa mais. Começo a recordar a suspeita, os exames, a confirmação e a decisão que tivemos que tomar. Penso muitas vezes se foi a decisão correcta. Sei o que os médicos me explicaram. Passei horas infindáveis a procurar algo que os contradissesse e não encontrei nada. A minha mente diz-me que a decisão só poderia ser esta mas o meu coração reclama que o teu caso poderia ser diferente.
Existe sempre a esperança que o nosso caso seja diferente ou seja um milagre e ai reside a minha dúvida. Será que fiz bem em desistir de ti?
Essa é uma pergunta que ficará sempre sem resposta. A ciência diz-me que foi a melhor opção. Estavas em sofrimento e ias acabar por morrer. Eu tinha dores que nunca tinha sentido e que depois me explicaram que era o meu corpo a combater a gravidez.
Acabei por aceder à interrupção médico assistida não por não gostar de ti mas sim por te amar demais. Não queria que sofresses. Não queria ver-te nascer só para me morreres nos braços como sei que aconteceu a tantos outros. Sabia também que o meu apego por ti ia continuar a crescer enquanto estivesse dentro de mim embora soubesse que estavas condenada.
Cedi então para terminar o nosso sofrimento. Nunca penses que não te amei nem que desisti de ti. Amar é querer o melhor para a pessoa que amamos e o melhor para ti era partir. Hoje penso em ti com carinho e saudade. É engraçado como podemos sentir saudades de alguém que nunca vimos nem conhecemos mas a verdade é que sinto saudades.
A tua passagem na nossa vida marcou-nos. Ensino-nos que não devemos dar nada por garantido e que devemos agradecer por tudo o que temos. Hoje em dia não choro por ti porque sei estás comigo e que um dia ainda nos voltaremos a encontrar.