Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Tem sido uma semana difícil. Uma correria tremenda, um cansaço extremo. Ando tão cansada que muitas são as vezes que ando sem rumo e tenho que parar para pensar o que ia fazer para tomar o rumo certo. Ontem esqueci-me do Leo, está sem professor de educação física e saí às 15:30h. Eram quase 17h quando me lembrei. Voei até à escola a pensar que estaria chateado quando lá cheguei estava a brincar. Já tinha feito os trabalhos e brincava com outras crianças da escola. Vê-lo bem aliviou o peso na minha consciência. Voltei ao trabalho com ele, fomos à piscina co todos e ainda corri ao supermercado. Voltei estafada a suspirar por uma boa noite de sono.
Acordei uma hora depois de adormecer com o Salvador a vomitar. Eu e o marido passamos o resto da noite em claro com o rapaz. Vomitou uma série de vezes. Chorou a noite toda a pedir água que tentamos racional, já que cada vez que bebia tornava a vomitar.
Agora de manhã está a ferrado e só dizia que queria dormir. A mim só me apetecia ficar com ele mas não pode ser. Vamos ter que desencantar forças para mais um dia.
Isto de estar em casa não é mesmo para mim. Os dias parecem que não passam. Ligo a televisão e não dá nada de jeito. Pego num livro mas começo a ficar com sono. Tento dormir para ver se as horas passam mas não consigo. Torno a ler mais um pouco mas depressa me aborreço. Volto a tentar encontrar algo de jeito na televisão mas nada. Vou para o quintal e tento ler numa espreguiçadeira. Começo a ficar cansada da posição e acabo por voltar para dentro. As horas não passam nem por nada.
Começo a moer a cabeça com a roupa que estar por lavar ou passar. Olho para o chão e penso que poderia ser aspirado. Olho para as janelas e tenho vontade de as lavar. Tanta coisa para fazer, tanta coisa para fazer o tempo passar e eu sem as poder fazer. O mau humor vai crescendo com o passar das horas. Sinto falta de companhia. Muitas são as conversas que vou tendo por telefone mas não é a mesma coisa. Sinto falta de um contacto visual, de ver as expressões de outro interveniente na conversa.
Ao fim do dia quando o marido e os rapazes regressam a casa eu estou chata. Sei ver que não deveria estar assim mas a verdade é que não consigo estar de outra forma. Só consigo reclamar. Reclamo do que não fazem. Reclamo do que fazem porque não está da forma como costumo fazer. Ultimamente parece que só sei reclamar e nem eu me reconheço. Preciso desesperadamente sair de casa, fazer algo. Preciso sentir-me útil.
São só mais uns dias, é o que repito a mim própria vezes sem conta. São só mais uns dias.