Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
As pessoas que me rodeiam queixam-se que eu ando de mal humor. Eu também já o notei e até vejo mais do que um simples mau humor. Vejo uma tristeza grande dentro de mim, muitos são os sorrisos falsos que coloco na cara para que as pessoas não se percebam o que cá vai dentro. Foi uma coisa que chegou de mansinho mas tem vindo a crescer. Tristeza, desanimo, revolta. Sinto uma raiva dentro de mim e não sei o que despoletou. Não gosto do que vejo em mim e então faço o que sei fazer melhor, isolo-me. Deixo de participar nas conversa e brincadeiras. Refugiu-me no trabalho e na leitura. Faço tudo para desligar os meus sentimentos para não disparatar à mínima coisa.
Dou por mim a pensar se estarei deprimida. Questiono-me se é culpa do Outono porque dizem que faz estas coisas às pessoas. Procuro uma explicação porque não percebo o que originou isto. Depois olho para o calendário e percebo. É engraçado como o nosso subconsciente funciona. Como a dor chega antes mesmo que nos apercebermos que estamos outra vez na época negra do ano. Não à nada a fazer se não continuar e esperar que a dor volte para o sitio de onde saiu. Sei que ainda vai doer mais do que doí hoje mas também sei que vai acabar por passar. A lembrança tem destas coisas não trás só boas recordações.
Esta semana tenho estado um pouco aflita com a minha alergia. Alguma falta de ar, muita expectoração, voz afónica.
Ontem cheguei a casa tão aflita que até fui fazer bomba, coisa que até a data nunca tinha feito. Devido a estes sintomas não dormi muito bem de noite pelo que tive muito tempo para pensar. É uma das coisas que me deixa mais danada, poder dormir e não conseguir, queremos descansar mas começamos a pensar nas coisas e já não conseguimos parar. Tomei nota de mil e uma coisas que tinha que fazer, procurar casa para as férias, verificar a data de validade do cartão do cidadão do Leonardo, ligar para a escola para saber das matriculas, fazer a lista de compras, pagar o imi, fazer uma pesquisa sobre carrinhos de bengala para os gémeos... Eu só queria dormir mas a maldita cabeça não queria colaborar.
Algures durante estas reflexões apercebi-me que desde que sou mãe nunca mais fiquei doente. Ás vezes ando um pouco adoentada mas doente, doente nunca mais. Mãe que é mãe vai buscar energia não sei bem aonde, faz das tripas coração mas não fica doente. Podemos estar aflitas a pensar deitarmos-nos quando chegamos a casa mas depois há banhos para dar, jantar para fazer, trabalhos para corrigir, quando damos conta já passou a noite e até nos aguentamos. Podemos acordar a sentirmos-nos miseráveis mas existem pequenos seres que precisam de nós pelo que não há tempo para ficar na cama a lamentar.
Eu sempre fui ruim para adoecer mas ultimamente costumo dizer que não tenho tempo para adoecer. Brinco muitas vezes que sou tão ruim que afugento os bichos, a única coisa que me afecta um pouco é alergia mas um comprimido e já passou. Confesso que também sou um pouco relaxada, fico à espera que as coisas passem por si. Exemplo disso foi ter andado três meses, depois dos gémeos nascerem, com perdas de sangue antes de ir ao médico. Fiquei com restos de parto e tive que fazer uma raspagem, todas as pessoas me dizem que não sabem como é que eu nunca tive febre ou não arranjei uma infecção. Lá está mãe que é mãe não fica doente.