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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Tão despistado este meu filho...

Fui buscar o Guilherme à escola e passamos no supermercado a comprar umas coisas. Chegámos a casa e ele quis ajudar a arrumar as compras.

No dia seguinte corri tudo à procura das acendalhas, que tinha comprado na véspera, mas sem sucesso. Recordei então que tinha sido o rapaz a arrumar as ditas. Perguntei-lhe:

- Filho onde arrumas-te aquela caixa preta?

- Qual caixa?

- Aquela caixa pequena com cubos brancos.

- Aquela com aquelas coisas que tu deitas no comer?

- Não aquela com aquelas coisas que uso para acender o lume.

- Essa não vi. Eu só arrumei aquela com aqueles cubos que tu colocas na comida.

- Os caldos Knorr? Mas eu ontem não comprei caldos Knorr.

Fui ao frigorífico e lá estavam as acendalhas a olhar para mim

Cansada ou maluca?

Estava a tomar banho quando me lembrei que necessitava cortar as unhas dos pés ou caso contrário teria que começar a comprar sapatos um numero acima. Pensei para mim que desse por onde desse ia fazê-lo de seguida mesmo que isso implicasse que os gémeos arrombassem da casa de banho. Sai do banho, sequei-me e ignorando os gritos, choros e encontrões na porta sentei-me para cortar as unhas. Preparei-me para iniciar a tarefa e qual é o meu espanto quando vejo umas unhas recentemente cortadas. Olhei, tornei a olhar e disse para mim própria ( sim falo para mim própria muitas vezes, Já me disseram que é sinal de loucura mas não consigo evitar:

- QUANDO RAIO É QUE TU CORTASTE AS UNHAS? NÃO ME LEMBRO DE O FAZER.

Já se passaram uns dias e eu continuo sem perceber o que aconteceu. Já revivi os últimos dias vezes e vezes sem conta e não me recordo de ter feito o serviço. Será que o fiz em estado sonâmbulo? 

Estou demasiado cansada para conseguir chegar a uma conclusão sobre o assunto mas preciso de algo para me elevar a moral por isso digam-me que não sou a única a esquecer coisas destas. 

Será que ele está certo?

Ontem andei uma eternidade de tempo à procura dos meus óculos. Pensava que os tinha pousado num sitio mas afinal não estavam. Perguntei ao marido se sabia deles mas não fazia ideia. Andei pela casa à procura, ultimamente ando sempre à procura de algo, mas nada de os encontrar. Comecei a ficar irritada e um pouco chateada. Se à coisa que odeio é não saber onde coloquei uma coisa. Sou incapaz de esquecer aquele objecto e fico a pensar constantemente nele. Este caso não foi excepção. Procurei e procurei. Refiz os últimos passos a tentar perceber onde os tinha deixado. O insucesso só me deixou mais frustrada e chateada. Já estava danada da vida quando percebi.

Coloquei-me à frente do marido e perguntei-lhe se não tinha visto mesmo os meus óculos. Ele olhou para mim e desatamos-nos a rir que nem perdidos.

- Não me digas que andaste este tempo todo à procura dos óculos quando os tinhas na cara? Estás mesmo cheché!

 

Um acordar instantâneo

O despertador tocou e os meus olhos teimaram em não querer abrir. Estive mais de cinco minutos na cama a mentalizar-me que são só mais dois dias. Por fim lá me consegui arrastar para fora e fui em modo a dormir em pé até à casa de banho. Levava os braços cheios com a roupa que ia vestir, ao pousar a roupa deixei cair uma peça para o chão e baixei-me para a apanhar. Calculei mal a coisa e dei uma grande cabeçada no manipulo da regulação do toalheiro aquecido. Tecnicamente não sei se foi uma cabeçada já que bati com a testa. A dor foi tão grande de me despertou instantaneamente, acho que até vi estrelas. Passado meia hora ainda tinha a marca do crime na testa espero que não deixe negra. 

Estou mesmo a precisar de férias.

Estamos cada vez pior

Não, não estou a exagerar, isto por aqui vai de mal a pior. Neste últimos dias temos passado por situações que não lembram a ninguém.

Eu ando há mais de um mês para comprar champô sem sal que preciso usar por causa do alisamento. Fui à quinta pedagógica com os meninos e fazia intenções de comprar o champô no Spacio que é mesmo ao lado. Claro que me esqueci e não comprei o dito cujo. Nem nesse dia, nem na semana seguinte quando fui visitar a família. No inicio deste mês, saímos para comprar o colchão e outras coisas. Eu pedi explicitamente ao marido para me lembrar de comprar o champô. Ora como somos duas cabeças de alho chocho, claro que voltamos para casa sem o meu rico champô. Resumindo tenho lá uma quantidade mínima que nem sei se chega para lavar o cabelo hoje. Nem sei onde é que me vou desenrascar. Será que a farmácia vende?

Outra situação deu-se certo dia quando o marido estava a sair para o trabalho. Comecei a vê-lo apalpar os bolsos, remexer a mochila, apalpar novamente os bolsos, remexer a mochila. Eu logo vi que havia coisa e perguntei-lhe o que se passava. Pediu-me para ir ver se a chave da mota estava na mochila do Guilherme. Revolvi a mochila e nada de chave. Pediu-me então que visse na do Leonardo mas também não estava. Ele já tinha ido ver se estava na roupa para lavar, caída na despensa, nalgum casaco e nada da chave. Com a brincadeira já estávamos os dois a ficar atrasados pelo que fomos buscar a chave suplente. Lembrei-o que a chave poderia estar na carrinha e ele seguiu viagem. Mais tarde ligou-me para me descansar que tinha encontrado a chave. A onde? Tinha ficado na ignição, ao menos assim se a quisessem levar não tinham que estragar nada.

A semana passada perguntou-me se tinha almoço para ele levar. Eu respondi-lhe que os miúdos tinham comido tudo mas que podia levar grão com atum ou com lulas. À noite disse-me que tinha levado o grão mas que se esquecera de levar o resto. Teve que ir à pressa ao supermercado para não comer grão com grão.

Eu continuo a ir às compras todos os dias da semana sem nunca ter tudo comprado. Ainda hoje fui às compras e sabia que precisava de duas coisas imprescindíveis. Como não apontei apenas me lembrei do comer dos peixes. Andei pelos corredores do supermercado a tentar lembrar-me do que me fazia falta mas sem sucesso. Há pouco fez-se uma luz na minha cabeça e lembrei-me que não tinha farinha. Bem amanhã tenho que lá voltar outra vez.

A melhor de todas, ou a pior depende da perspectiva, aconteceu na passada quinta-feira na garagem. Aproveitei a ajuda do marido e descemos juntos. Coloquei o Salvador na cadeirinha, dei a volta para tratar do Santiago e disse ao marido para ir embora. Meti-me dentro do carro e fiz manobra para sair. Comecei a rodar o carro enquanto olhava para a direita a ver se não batia nos outros carros. Por norma, não preciso de olhar para a esquerda porque é um espaço vazio. Quando percebo que já passei os outros carro começo a endireitar o carro e olho para a frente. Vejo o marido aos saltos para o lado e a olhar para mim com cara de estupefacto. Para quem não percebeu eu explico melhor. Quase que atropelei o homem, valeu os seus grandes reflexos que lhe permitiram desviar-se mesmo a tempo. Em minha defesa alego que me esqueci dele. Quer dizer, nem foi bem esquecer, pensei que o homem já estivesse montado na mota e a sair. Ainda me estou a rir de mim própria a tentar atropelar o homem.

Depois no dia seguinte esmurro-lhe o carro e ele diz que eu estava outra vez a tentar atropela-lo. Resta-me pedir desculpa ao meu gajo e explicar-lhe que não é minha intenção atentar contra a vida dele. Até porque se o atropelar o seguro não me deve pagar a casa.

Enfim acho que já não há remédio para nós, ao menos não podemos apontar o dedo um ao outro. Sinto que ainda vamos rir muito com estas histórias todas.