Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Na semana passada tive reunião na creche dos gémeos. A reunião correu dentro dos parâmetros normais. Explicaram-nos as normas do estabelecimento. Depois indicaram as actividades que vão desenvolver com as crianças e os progresso que esperam ver alcançados no final do ano. No fim da reunião reservaram uns minutos para que os pais colocassem questões que colocasse pertinentes. Alguns pais colocaram questões interessantes mas existia um casal que estava mais interessado em contestar tudo. Não gostam que a associação aceite crianças com febre até três dias. Não gostam que deixem os pequenos ver televisão até ás 9 horas manhã, hora em que entram as educadoras. Resmungaram sobre mais um monte de coisas que já nem me recordo contudo à uma reclamação que não me sai da cabeça.
Aparentemente o filho do casal apanhou piolhos três vezes o ano passado e achavam ultrajante que de todas as vezes tivessem sido eles a perceber. Na opinião deles a educadora deveria ter alertado para esse facto. De nada serviu explicar que são muitos e que, por vezes, coçam a cabeça sem terem piolhos. Tão pouco serviu dizer que colocam avisos na porta que quando a sala tem visitantes e alertam os pais para o facto. Não nada disto demoveu o casal que continuava a insistir que deveriam vistoriar a cabeça das crianças. As educadoras e auxiliares já fazem pouco pelos nossos filhos ao longo do dia só faltava coloca-las a catar piolhos. Tem que haver um limite gente!
Já se passou uma semana desde que os pequenos entraram para a creche. Nunca pensei que se adaptassem tão bem. Assim que chegamos o Salvador vai logo bater à porta, entre assim que a abrem e nem olha para trás. Com o Santiago a história já é outra. Assim que vê a porta começa a dizer que não e tenta fugir. Tenho que pegar nele ao colo e leva-lo para dentro. No entanto assim que lá está dentro vai juntar-se ao irmão sem choro ou birra.
Têm comido bem, bem demais. Comem tudo o que lhe põem à frente e por norma repetem. Têm aprendido a brincar de uma forma mais organizada. Na creche não podem simplesmente espalhar os brinquedos todos no chão. O Salvador passa o dia a brincar com um quadro mágico, pega nele assim que chega e senta-se logo a fazer desenhos. Tenho que lhe comprar um para casa para inspirar a criatividade.
Têm dormido lindamente e , por norma têm que os acordar caso contrário dormiam ainda mais. É o pai quem os vai busca-los à tarde. Diz que o Salvador assim que o vê quer logo vir embora já o Santiago não quer sair de lá. Estes rapazes gostam mesmo de ser do contra.
Eu fico feliz porque os vejo contentes mas não posso deixar de me sentir triste por se terem adaptado tão bem. O marido diz que eu sou doida mas a verdade é que é um sentimento contraditório. Se ficam a chorar ficamos tristes porque ficam a chorar. Se ficam bem sentimos que não querem saber de nós. O marido tem razão sou mesmo doida.
Sendo mãe de quatro nunca pensei que me ia custar tanto o primeiro dia de creche. A verdade é que apesar de já não ser mãe de primeira viagem os outros apenas frequentaram a pré-escola. Desta vez vimos-nos forçados a coloca-los mais cedo o que me custou imenso.
Lá foram eles hoje de manhã de mochila às costas todos contentes. Entraram bem na sala apesar de serem os primeiros a chegar. Viram-me sair e não choraram nem nada. Vi-os de sorriso no rosto enquanto fechava a porta mas nem isso me animou o dia. Já escrevi uma mensagem enorme a dar instruções ao marido para quando os for buscar.
Estou louca? Sim talvez. Tento mentalizar-me que está tudo bem mas o meu coração está.
P.S: Mantendo a política de reutilizar e reciclar aproveitamos as mochilas da pré-escola dos mais velhos.