Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Chegamos a casa ao fim do dia. Tirei o bibe aos gémeos e vi que algo não estava bem.
Olhei para a cara de cada um. Observei que os óculos estavam na cara certa. Depois olhei para as camisolas e percebi o que me estava a fazer espécie. Ia jurar que tinha vestido a camisola cinzenta ao salvador e a azul ao Santiago. No entanto agora estavam com as camisolas trocadas. Como na escola não se despem pensei que a minha cabeça me estava a pregar um partida.
Resolvi então verificar só para ter a certeza.
- Meninos tiraram a roupa na escola?
- Sim!
- Tiraram? Porquê?
- Para fingir que estávamos a tomar banho.
- A professora explicou como temos que esfregar a cabeça e o corpo.
No fim percebi que não era confusão minha. Percebi porque motivo se despiram mas não porque trocaram a roupa. Será que já nos querem enganar?
Passei o dia de segunda-feira a dizer até amanhã aos colegas ao que eles respondiam que no dia seguinte iria trabalhar sozinha. Depois veio a terça e foi difícil explicar ao meu cérebro porque motivo podia ficar em casa após um único dia de trabalho. Estávamos tão impreparados para o feriado que acordei às 4h da manhã com o despertador do marido e de novo às 6:30h com o meu. Aproveitamos o dia para colocar algumas coisas em dia mas o sono não foi uma delas. O Salvador teve febre durante três dias o que nos dificultou a vida. Na quarta acordei e tive que explicar novamente ao meu cérebro porque é que tinha que ir trabalhar. De seguida o Santiago dizia que não era dia de ir à Bela mas sim dia de brincar. Também o cérebro dele ficou confuso porque os dias de ficar em casa vêm aos pares. Escusado será dizer que pensei que era segunda-ferira durante o dia todo. Hoje acordei a pensar que era terça depois lembrei-me que afinal era quinta e isso animou-me um pouco. Pensei são só mais dois dias de trabalho e vi a meta bem próxima. Depois lembrei-me que tenho que trabalhar no sábado e a semana ficou mais comprida.
Ontem na reunião de pais a professora se queixava que os alunos ainda não tinham assentado a cabeça depois das férias da Páscoa, afirmou que todos estes feirados e fins de semana prolongados não têm ajudado nada.
Enfim estes feriados a meio da semana sabem bem mas deixam-nos confusos. Acho que é um mal geral não é?
Acabo de perceber que os gémeos ficam confusos com o próprio reflexo. O Salvador estava a olhar para uma bola de natal e a dizer que o Santiago estava na bola. Peguei nos dois e levei-os para a frente do espelho. O Santiago aponta para o reflexo e diz que é o mano. O Salvador aponta para si e diz que é o Santiago. Acertam no meu reflexo mas não reconhecem o seu. Será que não se distinguem? Ou estão tão habituados a olhar para o irmão que assim que vêm outra criança assumem que é o irmão?
Ainda estive uns minutos a tentar explicar quem era quem mas sem grande sucesso, acabei por decidir dar-lhe tempo. Ainda são pequenos têm tempo de reconhecerem mais tarde.
Os meus bebés estão cada vez mais parecidos o que origina muita troca....
Ontem a madrinha estava a contar-me que pegou num e disse que era o Salvador. O Salvador que estava no chão começa a rir-se para ela como que a goza-la pela troca.
Hoje de manhã, ao deixa-los em casa da avó detectei que o Santiago tinha cocó. A minha mãe foi buscar fraldas pegou num para lhe mudar a fralda.
-É este não é? - Perguntou
-Não o Santiago é o outro!
-O que queres não lhe via cara e ainda por cima vocês trocaram-lhe os calções.
Em casa o pai diz:
-Salvador não mexas ai! Estás a ouvir Salvador!
-Rodrigo o menino não te liga nenhuma porque é o Santiago.
O pai ainda desconfiado olha para a cara do outro e diz:
-Tens razão o Salvador está aqui quietinho e o outro que anda a fazer maldades.
Com os irmãos mais velhos é o máximo.
-Quem é este?-pergunto
-É um mano.-responde o Gui
-Mas como é que se chama?
-Salvador ou Santiago.-Responde o Leonardo
Ou então.
-Mãe o mano está a mexer nas gavetas!
-Qual mano?
-Este aqui- diz apontando como se eu tivesse visão Rx que me permita ver através das paredes.
Cheira-me que ainda vamos ter muitas trocas com estes meninos.
Estacionei o meu Fiat Uno na Avenida Infante Santo, paguei o paquímetro e fui para uma consulta. Cerca de uma hora depois venho ao telemóvel com o namorado, marido actualmente, pela rua abaixo. Ás tantas chego ao fim da rua e digo-lhe que passei pelo carro e nem o vi. Resolvo desligar o telemóvel pois, já estava a ficar atrasada para trabalhar e torno a subir a rua à procura do carro.
Chego ao fim do estacionamento e nada. Mau mas eu passei outra vês pelo carro? Torno a descer a rua, quem me visse diria que eu era maluca de andar ali rua acima rua abaixo. Desta vez, venho a descher com toda a atenção até que chego ao ponto em que tenho a certeza que parei o carro mas o lugar está ocupado por outro veiculo. Ligo para o namorado, explico-lhe que não encontro o meu Fiat. Ele responde-me que deve ter sido rebocado. Olho para o relógio e verifico que estou dentro da hora, replico que não devem rebocar carros 10 minutos antes de o tempo acabar. O namorado diz-me para apanhar um autocarro ou um táxi que depois logo se vê. Respondo que não tenho dinheiro comigo, não faço ideia onde haja um multibanco e faço ainda menos ideia que autocarro apanhar.
Finalmente o namorado diz-me para esperar que já vai ter comigo. Fico então à espera que o meu príncipe apareça num cavalo branco e milagrosamente encontre o carro desaparecido. Chega meia hora mais tarde numa camioneta branca do trabalho. Dirigimos-nos para a esquadra da policia para dar parte do furto.
Ele entra e eu fico cá fora a avisar a patroa que não vou conseguir comparecer ao trabalho. Quando entro vejo um policia e ligar para a Emel para saber do carro. Fico confusa, ao mesmo tempo sou abordada por um policia que mais parecia que estava a falar para uma pessoa com problemas mentais.
-A menina tem a certeza que pagou o parque?
-Claro.
-E deixou o ticket à vista?
-Obviamente.
- E a que horas acabava o parque?
- Acabava as 18H.
Olha para o relógio e confirma que são 18:15H. Entretanto o policia informa que da emel não rebocou nenhum veiculo durante o dia da rua em questão. Mais questões:
- A menina tem a certeza que parou o carro na Avenida principal?
-Já lhe disse onde parei o carro, a que horas, que paguei o parque. Eu só quero encontrar o meu Fiat Uno.
-Há é um Fiat Uno! Então foi roubado de certeza, já podia ter dito há mais tempo.
Contei até mil para não mandar o agente para um sitio que eu cá sei. Lá apresentamos queixa e encontraram o carro uma semana depois, em cima de quatro tijolos, já sem radiador e outras peças.
Apesar do azar fiquei com uma sensação de sorte nesta situação toda. Isto porque no dia seguinte roubaram um veiculo na mesma rua mas levaram a condutora e tudo.