Ainda bem que não temos balança em casa
Dias de desgraça
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Dias de desgraça
Ontem uma vizinha veio oferecer diospiros. Os gémeos quiseram provar depois do jantar. Dei metade a cada um e fiquei a observar.
- Mãe, isto é bom.
- É doce mãe.
- É uma fruta muito boa.- confirmei
- Mãe podes dar-me um copo de água. Tenho a minha boca seca.
Enchi o copo de água e coloquei à frente do Salvador que o bebeu todo de uma vez.
- Mãe o que se passa com a minha língua?
- É desta fruta.
- Eu quero mais.
- Eu também.
Enquanto preparava mais um o Santiago veio observar a sua língua na porta espelhada do forno.
- Mãe a minha língua tem pontinhos.
- Pois tem. Já está aqui mais fruta.
Comeram tudo é depois o Salvador perguntou:
- Mãe agora a minha língua vai ficar esquisita para sempre?
O que eu me ri com esta experiência. Só gostava de ter filmado as caretas que faziam por causa da língua😁
Por norma as pessoas têm tendência a culpar o casamento pela engorda. Sim é um facto que passamos a ter uma vida mais calma o que pode levar a um aumento de peso. Depois existe um aumento de interesse na cozinha. Um porque passa a ter para quem cozinhar e outro porque têm que apreciar o esforço do companheiro.
No entanto acho que o casamento não é o principal culpado da engorda mas sim os filhos. Não no inicio, porque nessa fase não nos deixam sossegar. Contudo por volta dos dois, três anos começam a estar mais atentos à gastronomia. Começam a prestar mais atenção ao comer e aos que os outros estão a comer. Começam também a ser aventureiros e querem experimentar tudo. O problema é que muitas vezes têm mais olhos que barriga, ou então pedem algo que depois percebem que não gostam. E o que fazem a maior parte dos pais? Comem o que os filhos não querem, ou não gostam, porque é feio desperdiçar comida. Muitas vezes já estamos satisfeitos mas temos que fazer o sacrifício porque não queremos deitar comer fora.
Cá em casa temos esse problema vezes quatro pelo que temos que deferir uma estratégia. Uma das hipóteses é ir contra o nosso principio de não estragar comer. Outra hipótese é passar a comer menos para deixar espaço para as sobras.
Deram-me metade de uma melancia de uma proporção bastante generosa. Cheguei a casa e resolvi arranja-la toda porque sei que se for preciso partir a coisa ninguém lhe toca. Comecei então a corta-la aos bocados e a tirar as pevides. Ao fim de três fatias já tinha a caixa quase cheia e pensei que teria que colocar o resto noutro recipiente mas, a família veio em meu auxilio. Claro que não vieram ajudar a mãe a cortar e a tirar sementes. Vieram sim comer para evitar que se suja-se outro recipiente. Digam lá que não são meus amigos. Comeram, comeram e comeram. Comeram tanto que pensei que nem ia sobrar nenhuma e, só sobrou porque, assim que acabei de a arranjar tapei a caixa enquanto informava que estavam proibidos de comer mais.
Fica a foto do que restou antes do jantar porque depois ainda sofreu um novo ataque.
Tanto trabalho e não durou tempo nenhum.
Aproveitei o facto de não termos os mais velhos em casa para fazer um belo peixinho no forno.
Os gémeos adoraram, comeram metade da minha dourada e ainda começar mais um pouco do pai. Nós apreciamos o facto de a única birra que tivemos foi por causa de não lhes estamos a dar comer à velocidade que queriam.
Acabada a refeição ficaram imensas batatas e cenouras assadas no tabuleiro. Quem me conhece sabe que odeio deitar comer fora pelo que, tratei de guardar a comida e fiquei a pensar o que fazer com as sobras.
No dia seguinte tive uma ideia. Cozi ovos, deixei arrefecer e cortei-os. Juntei-os às batatas e cenouras e adicionei atum em lata.
Inicialmente tive as minhas duvidas mas a verdade é que desapareceu tudo. Comemos frio como uma salada e soube divinamente devido ao calor que estava.
Bem sei que o tempo está quente e que apetece comida leve. Mas nós como somos do contra continuamos a devorar assados. Adoro sentir a casa perfumada com o cheiro da carne ou do peixe a assar.
Quer seja um belo rolo de carne com arroz selvagem e legumes.
Quer seja entrecosto assado com arroz no forno, acompanhado por cenoura assada e salada. Para terminar aproveita-se o forno e faz-se bolos ou queques.
Já estou a pensar no que vou fazer este fim de semana.
Fui buscar o Leonardo à escola, enquanto esperava dei um olho na ementa e constatei que o almoço tinha sido peixe.
Assim que ele saiu perguntei-lhe:
-O que foi o almoço?
-Massa, peixe e alface.
-Então o que comes-te? Comeste a massa?
-Sim comi a massa.
-Então e o peixe?
-Não comi o peixe.
-Então comes-te a alface?
-Tu achas mesmo que eu alguma vez comia alface!!!!!
Mãe sofre.