Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Olho para a vizinhança e vejo arvores cheias de fruta. Vejo tangerineiras carregadas, laranjeiras com ramos cheios de laranjas e limoeiros com centenas de limões. Passo e vejo fruta e mais fruta caída das arvores. Fruta que apodrece no chão.
Eu fico de coração partido. Tanta gente a passar fome. Tanta gente com os tostões contados que não conseguem pagar o preço exorbitante que a fruta custa atualmente. Vou ao supermercado e olho para o preço dos limões que estão quase tão caros como as frutas exóticas. Depois chego a casa e vejo centenas e centenas pendurados nas arvores dos vizinhos. Limões que ninguém colhe e que o destino final será apodrecer em redor da arvore.
Entristece-me muito que assim seja. Que as pessoas não aproveitem o que a natureza nos dá. Que tomem por garantido o que muitos gostavam de ter.
Sei que a maioria dos vizinhos são de uma faixa etária envelhecida, que provavelmente não tem destreza para apanhar toda a fruta. Sei que as quantidades que arvore dá é demasiada para duas pessoas. Mas também sei que devem ter família, amigos, conhecidos que provavelmente gostariam de aproveitar a fruta.
Nós tivemos esse problema com as peras e as maçãs. Eram demasiadas e apodreciam muito rapidamente devido à ausência de químicos. Optamos por apanhar tudo e distribuir por amigos e familiares. Para o ano provavelmente faremos o mesmo porque para mim é um crime desperdiçar tamanha dádiva da Natureza.
No sábado o marido comentou que estava um pássaro no pinheiro que não parava de piar. Eu fui espreitar na janela e ouvi não um mas vários piares. Procurei sem sucesso ver de onde vinha o barulho. O pinheiro têm uma copa tão frondosa que não deixa ver o que se passa no alto. O certo é que passei o resto do sábado atenta e o piar volta e meia voltava. Comecei a suspeitar que seria um ninho.
No domingo tive a confirmação. Não vi o ninho porque deve estar muito bem escondido na copa da árvore mas vi os pais que não largam a árvore. Os pequenos pássaros piam imenso quando os pais chegam exigindo comer. Depois os pais partem em busca de mais alimento e faz-se silêncio no ninho.
Estou tão contente com os nossos novos inquilinos, só me apetece montar guarda ao pinheiro para garantir que nada de mal lhes acontece.