Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Hoje o dia amanheceu com temperaturas menos gélidas. Não está calor mas pelo menos o frio está mais suportável.
Os rapazes ficaram radiantes quando viram 6 graus no termómetro do carro e gritaram que era dia de parque.
Lá fomos nós! Eles gastaram energia em corridas matinais antes de ficarem fechados na sala de aulas.
Eu fiquei a assistir à alegria que estes momentos lhes proporcionam. Paira sobre nós a sombra de um possível novo confinamento por isso vamos aproveitar enquanto temos alguma liberdade.
Os gémeos tinham que fazer um bolo com materiais reciclados para festejar o aniversário da instituição que frequentam. A mãe trouxe do trabalho os interiores dos rolos de etiquetas. Teve a magnífica ideia de fazer um bolo em forma de flor usando 7 rolos de cartão.
Chegada a casa os rolos ganharam vida.
Formaram torres. Tornaram-se pulseiras e armaduras. Serviram de pinos para jogar bowling e mais muito mais.
Simples rolos que deram asas à brincadeiras e brincadeiras.
Os pequenos adoras brincar de baixo de mesas. Pegam em tudo o que é brinquedos, colocam-nos debaixo da mesa da sala ou da cozinha e assim brincam durante horas.
Ai assistir a isto não consigo deixar de recordar como fazia o mesmo com o meu irmão. Quando a minha mãe nos queria encontrar só tinha que espreitar para debaixo do tampo e lá estávamos nós. Aquele era um espaço especial no qual dávamos largas à imaginação.
Hoje vejo os meus filhos a fazerem o mesmo e espero que sonhem acordados tanto como nós sonhavamos na altura.
Os gémeos receberam uma oferta linda este fim de semana. Explicamos que era algo para colar na cama ou na porta do quarto mas eles não ficaram muito interessados. Primeiro andaram pela casa a estudar onde ficava melhor.
Decidiram que o melhor sítio é nas costas do sofá.
Ontem o pai foi buscar os rapazes à creche e o Santiago vinha com um galo na testa. Parece algum dos amigos lhe atirou uma peça de lego. A educadora explicou ao marido e fartou-se de pedir desculpas. Já anteriormente situações semelhantes se passaram e noto que a educadora está sempre aflita quando é hora de nos explicar. Eu e o marido desvalorizamos logo o assunto, dizemos que não tem problema nenhum e ela está sempre a agradecer sermos tão compreensivos.
Em conversa com amigas expliquei que achava estranho a forma como a educadora quase tremia de medo quando os pequenos se magoam. Várias das minha colegas disseram-me que já viram mães a descompor as auxiliares e as educadoras porque os filhos terem um magoado qualquer. Uma até me disse que uma das mães despia a criança toda e exigia saber explicação para qualquer arranhão e que outra confrontava os pais da criança que por acaso tinha magoado os filhos.
Eu não consigo pensar no exagero da situação afinal são crianças. As crianças correm, caem, brincam, brigam. É tudo normal. Eu não me vou preocupar porque hoje um amigo empurrou o meu filho porque sei que amanhã pode ser o meu filho a empurrar. Na euforia de uma brincadeira acontecem acidentes. Temos que nos lembrar de que são crianças e se magoam outros não é de propósito. Claro que os devemos repreender e explicar porque não devem repetir esse tipo de comportamento, mas temos que ser tolerantes para quem toma conta dos nosso pequenos com todo o amor e carinho. Não podemos esperar que quatro olhos controlem todos os segundos de quinze crianças.
Digo isto claro em situações pontuais, se um menino agredisse o meu filho todos os dias a situação já seria diferente. Contudo é preciso distinguir os dois tipos de situações e deixar os exageros de parte.
É verdade que os rapazes pequenos nunca foram muito sossegados mas nestes últimos dias estão ainda piores.
Ontem fui dar com eles a subirem pela nespereira a cima. Já nem os posso deixar brincar no quintal sem vigilância apertada. Por outro lado adoro que possam brincar assim. Eu também subi a muitas árvores e estou aqui inteira para contar a história.
O calor chegou finalmente e a piscina voltou a ter uso. Os rapazes divertem-se imenso e por eles passam lá a vida. Eu adoro ver os sorrisos e as brincadeiras deles. Adoro ouvir as gargalhadas constantes. Só não gosto de não conseguir relaxar. Passo o tempo todo a contar cabeças. Um, dois, três, quatro. Um, dois, três, quatro. Um, dois, três, quatro.
É triste mas tenho pavor de afogamento. Mãe sofre...
Fomos a uma festa de ano da filha de uma amiga. Passamos a festa de um lado para o outro. Um olhava por uns e o outro pelos restantes. Ao mesmo tempo tentávamos manter conversas com os adultos que nos abordavam. Finalmente os rapazes acalmaram um pouco e o marido aproximou-se de mim.
- Porque é que todas as pessoas me perguntam se ainda vamos à menina?
- Porque ainda vamos à menina.
- Lá estás tu. Lá estás tu.
E foi logo embora com cara de quem estava prestes a ter um ataque cardíaco 😂.