Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Aos poucos vamos avançando com o restauro da nossa casa centenária. Temos procurado soluções locais e deixem que vos diga as diferenças que noto.
Quando preciso de alguma intervenção na casa do distrito de lisboa é difícil encontrar soluções. Temos que fazer mais de vinte telefonemas. Estão sempre todos muito ocupados e é quase preciso implorar para que alguém venha resolver o assunto. Os preços são inflacionados mas estamos tão desesperados que pagamos o que nos pedem. Exigem imediatamente metade do valor do orçamento antes de fazer o que quer que seja.
Na aldeia tudo está a ser diferente. Se ligamos para alguém são muito mais abertos. Estão sempre disponíveis para ajudar e se não é propriamente a sua área indicam quem nos pode fazer o serviço. Fornecem opiniões valiosas e até se voluntariam para efectuar coisas que nunca haviamos pensado. Entregam materias com facturas para pagamento quando puder. Existem ainda aqueles que temos que andar constantemente a pedir nib para acertar contas e ainda nos respondem que não há pressa. Nós que gostamos de pagar tudo na hora ficamos confusos com esta maneira de ser. Só tenho a dizer bem desta gente sociável que adora ver vida nas suas terras.
Brevemente, se tudo correr bem, serão mais seis cabeças a passear pelas ruas, mais quatro crianças a gritar pelos caminhos. Não sei se sabem ao certo o que está para chegar 😁
Os dias na aldeia foram bons. O contacto com a natureza, a liberdade, a leveza do ar. Se nos primeiros dias tudo permanecia deserto nos dias seguintes notamos um aumento progressivo de população. Ainda assim nada preocupante. Em momento nenhum senti que estivéssemos em risco. Existem inúmeros locais onde tomar banho e como se não fossem suficientes as pessoas trataram de fazer pequenos diques improvisados aumentando assim a oferta.
Os rapazes brincaram muito. Caíram, arranharam as pernas em degraus e nas silvas. Comeram amoras quentes directamente das silvas Picaram as pernas nas urtigas. Encheram as meias de cardos e outras folhas secas que teimam em não sair. Colocaram os pés na levada e caminharam dentro dela, tal como eu fazia em miúda. Deram comer às cabras. Contaram as galinhas da prima. Tomaram banhos de rio, muitos banhos. Aprenderam a fazer saltar pedrinhas na água. Apanharam pinhas. Fizeram caminhadas. Comeram lanches improvisados onde calhava. Deram pão aos peixes de rio. Passaram horas a tentar apanhar alguns só com as mãos. Quando conseguiam tornavam a soltar o dito no rio. Adoraram ficar imóveis até sentir os pequenos peixes mordiscarem as peles mortas. Voltamos mas estamos a contar os dias para regressar.
Foi um fim de semana cansativo. Quisemos aproveitar ao máximo, fazer tudo e não deixar nada ao acaso. Tomamos muitos banhos de rio. Passeamos. Revimos familiares que não víamos à anos. Soube tão bem que nem foi difícil arranjar força para vir embora. Eram 21 horas quando finalmente saímos e começámos a viagem de regresso. Chegamos tarde, dormimos pouco. O calor também não ajudou e eu dei por mim a suspirar pelo meu quarto lá na terra que é fresquinho como sei lá.
A vida continua e voltamos qualquer dia. Agora que os gémeos são crescidos é tudo mais fácil. Enquanto não voltamos ficam as fotos para recordar.