Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Estava a sair do dentista quando o marido me ligou. Explicou que o Salvador tinha caído na escola. Estava com os joelhos esfolados e tinha um golpe fundo na cabeça pelo que teria de ir ao hospital.
Parti imediatamente para a escola. Demorei meia hora a chegar, que me pareceu mais de duas horas, sempre a amaldiçoar o trânsito que se fazia sentir.
Já na escola corri pelas escadas a cima. O rapaz estava sentado numa cadeira com as pernas estendidas noutra. Gemia a todo o instante, mais parecia que estava perto de finar. As auxiliares tinham todas largado os seus afazeres e apaparicavam o rapaz.
Quando me aproximei perguntei onde estava o corte na cabeça. Afinal a cabeça estava óptima e o marido percebeu mal. Tinha efectivamente um golpe fundo no joelho. Quando informei que iria levar o rapaz para casa olharam para mim como se tivesse endoidecido.
Lá me deixei convencer, após observar o golpe que não me parecia tão mal, e levei o rapaz ao hospital. O Salvador desceu as escadas pelo seu próprio pé. No carro confidenciou que já estava melhor.
- Mãe quando caí doeu muito. O corte era tão fundo que até se via o osso. Fiquei muito assustado. Agora a carne já se regenerou e o osso já está escondido. Tive muita sorte.
Tive que fazer um esforço para não me rir do exagero do rapaz. Não quis magoar os seus sentimentos e por isso engoli o riso que crescia dentro de mim.
No hospital foi visto na pequena cirurgia. O golpe foi fechado e voltou para casa com o joelho todo ligado.
O rapaz está bem. Já eu perdi mais meia dúzia de anos de vida😬
Contudo o meu dedo anelar teve um desentendimento com o trampolim. O trampolim continua intacto já o dedo nem por isso. Está inchado e a mudar de cor. É doloroso escrever e pegar em objectos.
Só me resta dizer que a sorte não tem parado muito cá em casa🙄
O marido foi para a bola e eu fiquei sozinha com os pequenos. Dei-lhes jantar e arrumei a cozinha. Quando terminei tudo sentei-me no sofá dois minutos até que ouvi:
- Mas o que é isto? - perguntou o Guilherme
- Mãe, mãe anda cá depressa! Está aqui cocó no chão.
Eu sai disparada e não e deparo-me com quatro rapazes a olhar para um bocado de coco.
- Mas como é que...mas...- fiquei tão perplexa que nem conseguia falar.
- É cocó Santiago - diz o rapaz com um sorriso nos lábios
- Foste tu Santiago?
- Sim.
- Mas como é que o Salvador tem as mãos sujas e tu não?
- É que esse mano mexeu no cocó.- Explica o Guilherme
Lavei as mãos ao Salvador enquanto os mais velhos faziam de guarda costas do dejecto. Limpei o chão e fui mudar a fralda ao Santiago. Percebi então que aquilo tinha saído da fralda e escorregado pela perna a baixo.
Porque é que estas coisas só me acontecem quando estou sozinha com eles?
Ontem à noite estava a conversar com o marido sobre acidentes e comentei que já tinha agrafado o meu próprio dedo.
Ele desatou a rir enquanto gozava comigo:
- Como? Como é que é possível alguém agrafar o dedo?
- Não sei, estava às voltas com o agrafador e só senti a dor no dedo.
- Catarina só mesmo tu. Deves ser a única pessoa que já fez isso. Eu até diria que fizeste uma coisa quase impossível.
Senti-me triste e humilhada ao pensar que seria a única pessoa capaz de algo tão sem jeito. Pensei para mim se não existiriam pessoas por ai, tão ou mais desastradas que eu,capazes de uma proeza idêntica.
Ajudem-me por favor a provar ao marido que agrafar o próprio dedo é uma coisa muito comum no dia à dia
Acordei de madrugada com o barulho da campainha. Ouço o meu pai a falar com alguém, quando desliga diz para a minha mãe:
-É o vizinho aqui do prédio ao lado. Diz que nos bateram no carro e fugiram, mas ele ficou com a matricula.
-Bateram-nos no carro mas tu foste à janela quando ouviste o estrondo, não viste nada?
-Não vi nada, deve ser coisa pouca. - respondeu o pai.
Eu levantei-me para ver o que se passava. O meu pai desce as escadas para ver o estrago e para ir buscar o apontamento da matricula. Quando chega ao pé do vizinho este estende-lhe uma chapa de matricula.
Sim, leram bem, deixaram a matricula caída no meio da estrada. Chamamos a policia e alguns instantes depois aparecem quatro indivíduos perdidos de bêbados. Disseram que não tinham fugido apenas tinham ido esconder o carro porque não estavam em condições de conduzir. O meu pai mandou-os embora porque já tinha chamado a policia que chegou instantes depois. A pancada foi tal que o nosso carro foi bater no da frente e este, por sua vez, bateu no que estava estacionado à sua frente.
No final correu tudo bem, ninguém se aleijou e os arranjos foram todos pagos. Mas digam lá que não foi sorte a chapa ter ficado para trás.