Sustos e mais sustos
Não sei o que se passa com estes pequenos mas andam particularmente endiabrados. Não sei se o meu coração aguenta tanta agitação.
Na segunda-feira à noite estava a mudar a fralda ao Salvado e tive que chamar o marido porque o menino tinha coco até as costa. O marido trouxe-me roupa, ficou a a ajudar-me para despachar e o rapaz não estar ao frio. Enquanto isso, o Santiago estava em cima do sofá. O pai avisou-o que ia cair e ele ria-se todo contente. Estava eu a enfiar a camisola ao Salvador e só oiço um estrondo, olho para trás e lá estava o Santiago no chão. Como estava com uns brinquedos nas mãos não se conseguiu proteger e bater com a cabeça com toda a força.
O marido agarrou nele e correu para a cozinha enquanto eu fiquei a tentar vestir o Salvador à pressa. Começo a ouvir o marido aflito e pensei que teria aberto o lábio ou algo do costume. Chego ao pé deles, o marido desviou o gelo e vi que o menino tinha um galo enorme e muito feio, tinha um género de uma bolha negra dentro que eu presumi que fosse sangue. Dei-lhe a chucha para se acalmar e assim que a pus na boca parecia que tinha desligado o botão de on. Começou logo a fechar os olhos, tiramos-lhe logo a chucha. O marido disse-me para me vestir para ir para o hospital com o menino, eu dizia que não ia sozinha com ele porque ele não podia dormir. Acabamos por decidir ligar para a saúde 24 a ver o que nos diziam. Estive um pouco à espera e nada de me atenderem, o menino estava cada vez mais branco e sonolento pelo que acabei por desistir e liguei para o 112. A enfermeira que me atendeu foi muito simpática e nem me pediu grandes pormenores, deu-me logo indicação que iria enviar os bombeiros.
Corri a secar o cabelo e trocar o pijama por outra roupa para o caso de quererem levar o menino. Entretanto chegaram os bombeiros, estiveram a avaliar o menino que já dava sinais de melhoras. Atrevo-me a dizer que parecia que não se tinha passado nada. Os bombeiros deram os parabéns ao pai por ter aplicado gelo muito bem, quase nem se nota o galo. Foram embora deixando-nos indicação que os deveríamos chamar novamente caso vomitasse ou se notássemos alguma alteração na respiração e que o menino não deveria dormir sozinho.
Claro que quase nem dormi sempre a ver se ele estava bem durante a noite. De manhã vomitou um pouco do leite mas levei que fosse por casa da tosse e não entrei em pânico. Deixei-os na avó e fui trabalhar. Sai um pouco mais cedo para levar o Santi ao hospital. Não por causa da queda mas sim porque tem uma lesão na zoa da fralda que não tenho conseguido tratar.
Cheguei a casa da mãe, fiz uma festa aos meus meninos e coloquei o Santiago em cima da mesa para lhe trocar a fralda. Oiço um barulho de loiça e digo para a minha mãe que o Salvador estava a fazer das dele. Olho para trás e vejo o menino a entornar uma chávena de chá em cima dele. O Salvador desata a chorar, eu começo a gritar em pânico que o chá estava quente. Já estava a imaginar a ter que levar os dois para o hospital. Afinal o chá já não estava quente e o menino estava a chorar do susto/banho que levou.
O médico examinou o Santiago e determinou que a lesão é provocada por um fungo, já está a ser tratada mas o meu coração ainda não recuperou destes dois dias. Juro que o meu coração não aguenta isto tudo.