Por vezes temos que nos resignar
Toda a vida gostei de carros pequenos. Daqueles que se estacionam em qualquer buraco, que consomem pouco combustível, que são leves e práticos. Quando soubemos que eram gémeos tivemos que trocar o meu carrinho de 4 lugares por um monovolume. Esta troca não foi pacifica, lutei muito para que o meu carro se mantivesse na família. Por fim acabei por perceber que não poderíamos andar constantemente a trocar de carro. A nossa vida já é uma correria, temos que nos lembrar de mil e uma coisas diariamente pelo que tivemos que simplificar a coisa. No fundo não poderíamos ficar limitados ao facto de precisarmos de ir buscar os miúdos e o carro não dar para o efeito, ter que ir trocar o carro ou esperar que o outro viesse para então buscar as crianças.
Acabamos então por tocar e eu fiquei com a carrinha que tenho actualmente. Aos poucos aprendi a gostar dela. Mostrou-se mais versátil do que esperava. Surpreendeu-me nos consumos e nunca me deixou ficar mal. Quando resolvemos trocar um dos carros lutei com unhas e dentes para que não fosse o meu. Expliquei por A mais B, demonstrei e provei que este seria que deveríamos manter. Como tinha a razão do meu lado acabei por conseguir manter o meu carro no entanto não é aquele tipo que me faz brilhar os olhos.
Quando andamos a estudar a troca da carrinha do marido apaixonei-me por um modelo novo. Adorei o formato e o tamanho. Sai do stand com a imagem daquele carro na cabeça. O marido também gostou muito e falámos a possibilidade de adquirirmos um dentro de dois, três anos. Eu fiquei muito feliz por pensar que iria poder voltar a conduzir uma veiculo dentro dos meus gostos.
Entretanto o meu carro foi à oficina para fazer uma daquelas manutenções de rotina e ficou lá dois dias. Durante esses dias tivemos que andar a fazer malabarismos apenas com um carro e eu percebi que estávamos errados. Nunca podemos comprar um veiculo de cinco lugares. Imaginem que o carro de sete lugares avaria ou vai fazer uma manutenção, como é que metemos seis pessoas dentro de uma carro normal?
A verdade é que os carros para nós não são luxos. Não temos forma de irmos trabalhar de transporte quer devido aos horários quer devido à localização dos nossos locais de trabalho. Para além disso fica muito mais em conta andarmos de carro do que pagar passes para os miúdos todos.
Já me resignei. Se viermos a trocar a minha carrinha, que já está velhota, será por outro veiculo enorme, que eu terei que conduzir durante mais uns anos. Se tiver sorte quando o Guilherme tirar a carta já poderei ter um veiculo normal, afinal passo a ter menos um no carro. A esperança é a ultima a morrer...