Por vezes os melhores gestos vem de quem não se espera
Ás vezes na vida temos uma certa ideia das pessoas. Criamos preconceitos e estereótipos que nos levam a depreender que uma certa pessoa vai agir de uma determinada ideia, mas a verdade é que nem sempre é assim. Por vezes os melhores gestos vem daquelas pessoas que não esperávamos.
No última sexta-feira fui com os 4 miúdos no supermercado. Precisava de algumas coisas e como sabia que o marido estava a aspirar a casa, resolvi tratar das compras com os 4 de forma a darmos tempo ao pai para acabar a tarefa. Entrei no supermercado e notei que estava a ser perseguida por uma Sr.ª. Cada vez que eu parava ou abrandava o carrinho dos gémeos lá estava ela de volta deles.Quando ia andar com o carro lá estava ela a frente dele. Noutro dia até poderia ter achado piada mas depois de uma semana de trabalho não estava a gostar nada. Ainda por cima a Sr.ª fingiu que eu nem existia e nem me dirigiu a palavra.
Lá consegui reunir tudo o que precisava e vou para as caixas. Filas enormes. Ainda olhei para a caixa prioritária mas estava ainda mais cheia que as outras. Como estava sem paciência e já estive uma situação desagradável numa caixa prioritária resolvi ficar numa das caixas normais. Assim que me coloquei na fila um sr. da caixa ao lado disse-me para passar à frente dele. Eu agradeci mas recusei argumentando que só tinha uma senhora à minha frente. O sr. tornou a insistir porque à minha frente estava um carrinho a transbordar. Eu agradeci mais uma vez mas disse que não valia a pena. Ás tantas já estava outro senhor a oferecer-me passagem mas acabou por nem ser preciso porque a Sr.ª que estava à minha frente acabou de colocar as compras no tapete e tirou o carro do caminho para eu passar a frente. Eu acabei por aceitar e agradeci a todos.
Sai do supermercado a pensar que realmente há pessoas e pessoas. Já reclamaram comigo por solicitar passagem na caixa prioritária, já fui fuzilada com o olhar, já ouvi as pessoas ficarem a comentar que já não há respeito pelos outros. No dia em que resolvo ir para uma caixa normal toda a gente me quer das prioridade.
Um dia destes fomos a um centro comercial, chegamos ao pé do elevador e estava uma sr.ª na casa dos 60 já à espera. O elevador chega e eu digo ao marido que vou pelas escadas com os mais velhos de forma a ele caber no elevador com a Sr.ª. O elevador abre as portas e a Sr.ª entra, espalha os 4 sacos das compras que tinha pelo chão do elevador todo impossibilitando a entrada de mais alguém. Eu que fervo em pouco água perguntei-lhe ,com toda a educação, se a srª. ia subir. Respondeu-me que ia descer. Pedi-lhe então que desse um jeitinho para entrarmos com o carrinho dos gémeos até porque o elevador ia primeiro para cima. Começou a resmungar que não tinha chamado o elevador para cima que o elevador ia para baixo. Eu mostrei-lhe o visor do elevador que indicava que ia subir e expliquei-lhe que só queríamos partilhar o elevador. A srª. acabou por sair do elevador e ficou a resmungar, não percebi bem porquê, ninguém lhe faltou ao respeito e só lhe pedimos que coloca-se os sacos todos mais juntos.
Nesse mesmo dia quando íamos descer nos ditos elevadores. O elevador chegou ao piso e vinha ocupado por um casal jovem de pessoas de cor. Assim que viram o meu marido saíram do elevador para ele entrar, o meu marido disse-lhes que cabiam todos pelo que espremeram-se um bocado mas partilharam o elevador.
Agora digam-me lá, se o elevador deu para o meu marido, para o carrinho, para o casal e para um trolley que eles traziam, não dava para a srª., 4 sacos, o carrinho e o marido?