Parecia que estava tudo a entrar na linha.
Com o passar do tempo as rotinas foram-se instalando e começamos a entrar na linha. As manhãs começaram a correr melhor,os mais velhos têm-se despachado sem ser preciso pedir 20 vezes que vão buscar os sapatos e os casacos. Os gémeos sentam-se logo no hall de entrada à espera que eu os calce e lhes vista os casacos e milagrosamente temos saído cedo de casa. Tão cedo, que chegamos à escola quase 10 minutos antes de o portão abrir.
Contudo hoje não foi assim. Fui ajudar o Leonardo a vestir e quando voltei à sala vi que o Salvador tinha passado para o lado do aquário. Saltei as cadeiras para o ir buscar e deparei-me com um bocado de água no chão. Achei aquilo muito estranho e pensei que ele se teria babado porque não havia nada de onde pudesse ter vindo a água. Fui à cozinha buscar um papel para limpar o chão e vi que o Santiago estava a namorar o Guilherme que estava a comer. Voltei à sala e começo a tentar ensopar a liquido do chão. Contudo verifiquei que aquilo não era água mas sim um liquido semelhante à água mas muito viscoso. Olhei, olhei e não percebia o que poderia ter derramado ali. Olhei mais uma vez e vejo o frasco de Vigantol no sitio onde costuma estar, peguei-lhe não sei bem porquê, reparei que estava vazio e tinha um buraco no fundo. Agachei-me e vi o bocado do vidro, que faltava no frasco, no chão. Então o meu querido filho deixou cair o frasco e como viu que fez asneira tratou de coloca-lo no mesmo sitio para disfarçar. Começo a resmungar comigo própria enquanto tento limpar um pouco melhor o chão e oiço um estrondo. Corro para a cozinha e encontro o Santiago a esfregar a cabeça. Percebo que caiu de cima da cadeira ou da mesa, agora deu em subir para a cadeira e depois para cima da mesa. Não sei de onde caiu porque o Guilherme já não estava com ele. Claro que me enervei, chamei o Guilherme e repreendi-o por ter deixado o irmão sozinho sem me avisar.
Enquanto isto começo a ouvir o som de algo a bater num vidro, corro para a sala e o Salvador estava a dançar sobre a mesa de vidro na sala. Ralhei com ele e fui tentar arranjar-me. Claro que tive que voltar à sala umas três vezes porque ou os ouvia em cima da mesa, ou os ouvia a tentar a abrir a cristaleira, ou os ouvia a fazer chamadas do telefone de casa. Ainda consegui passar a esfregona no chão, vamos lá ver se o remédio saiu todo.
A muito custo lá saímos de casa, todos vivos e sem mazelas aparentes mas o meu coração sofre. Cada vez estão mais destemidos, fazem cada uma e o pior é quando anda um para cada lado. Vamos acudir um e o outro já está a fazer asneiras do outro lado. Às vezes, juro que acho que fazem de propósito, parece que é do género tu distrais os pais e eu aproveito para fazer aquilo.
Vou começar a amarra-los a alguma coisa para conseguir arranjar-me descansada e sem medo que eles se magoem.