Parece que fomos picados pelo bicho do sono.
Não sei bem o que é que se passa cá em casa mas andamos todos cheios de sono. Os gémeos andam rabugentos, os mais velhos andam moles, a mãe adormece assim que se senta no sofá e o pai não anda melhor.
De manhã é difícil sair da cama. O despertador toca e eu penso só mais cinco minutos. Passado o tempo ele toca novamente e eu decido que fico mais cinco minutos. Ao fim de quinze a vinte minutos nisto lá acabo por sair apressadamente da cama porque já estou atrasada. Acendo as luzes aos rapazes para irem acordando mas nada. Tenho que os chamar várias vezes, por vezes olham para mim, respondem-me e voltam a dormir assim que viro costas. Visto-me e percebo que ele continuam a dormir pelo que tenho que os chamar novamente. Oiço:
- Estou tão cansado!
- Tenho tanto sono!
- Hoje vão para a cama mais cedo para amanhã não terem sono. – respondo-lhes
A verdade é que mesmo que os mande para a cama mais cedo acabam por demorar a adormecer e de manhã é sempre a mesma coisa. Sigo para tratar dos pequenos e é outro suplicio. Agora aprenderam a resmungar e ninguém os cala:
- Não que bestir! – diz o Santiago
- Vá filho para ires ver o Blaze.
- Não que o laze, que domir!
- Não pode ser. Vais comer para irmos à rua.
- Que dormir.- diz mais uma vez enquanto se tapa todo debaixo do dos lençóis.
A muito custo lá o consigo vestir com ele sempre a choramingar. Despacho um, tenho outro para tratar e a lengalenga é a mesma.
- Não que tirar zola.
- Tens que tirar a camisola do pijama para vestires a roupa.
- Não que a zola! Não quer a meia! Não que a calça!
Custa-me tanto ouvi-los chorar que querem dormir, que não se querem levantar. Penso no frio que está na rua, no frio que vamos apanhar e sinto o meu coração apertado. Sei que os meus filhos até são privilegiados, saem de casa por volta das oito e meia mas mesmo assim custa.
Confesso que muitas são as vezes que me apetece simplesmente tornar a enfiar na cama e dormir com eles até nos apetecer levantar.