O que pode correr mal em quinze minutos
Ontem cheguei a casa, deixei o Santiago com o pai e corri à farmácia para comprar a medicação que precisava.
Estava a chegar à farmácia e percebi que o meu telefone estava a tocar. Não consegui atender a tempo mas tratei de retornar a chamada ao marido.
- O que queres?
- O Santiago está a pedir bolachas.
- Não.
- Eu sei que ele não pode comer bolachas por isso dei-lhe um donuts é mole.
- NÃO! Só líquidos.
- O rapaz já deu duas ou três dentadas nele. Vou já tirar-lho.
...
- Consegui. Então o que lhe dou? Um iogurte?
- Sim pode ser.
- Posso dar dos de colher.
- Podes.
Depois de desligar a chama pensei que tinha uns iogurtes de colher de stracciatella. Ainda pensei em ligar de volta para lhe dizer que aqueles não poderiam ser contudo pensei que já é a terceira vez que passamos por uma cirurgia destas pelo que resolvi confiar no discernimento do homem.
Cheguei a casa dez minutos de pois e adivinhem que iogurtes é que o marido deu ao rapaz? Claro que escolheu logo os com pepitas de chocolate para tratar de arranhar a garganta. Quando o confrontei ainda ficou chateado comigo como se a culpa fosse minha. No fundo a culpa é de todos. É minha porque confiei no marido. É do marido porque já devia conhecer o procedimento de cor e não sabia o que fazer deveria ter esperado dez minutos até eu chegar. E é do rapaz. Sim porque se fosse uma criança normal, como os outros que vi no Hospital, chorava que lhe doía a engolir e não comia nada. As crianças que lá estavam mal beberam o Ice tea com dores enquanto isso o meu bebeu dois copos de sumo, um gelado e um iogurte liquido.
Felizmente os abusos não fizeram mal ao rapaz e eu já não saiu do pé dele nem por um segundo.