O que fazer quando temos que ralhar mas só nos apetece rir.
As manhãs são sempre um stress cá em casa. Despachar os quatro e sair de casa a horas é sempre uma proeza. Já pensei em fazer uma gravação porque todas as manhãs repito as mesmas frases enumeras vezes.
- Meninos vistam-se!
- Meninos ainda não estão vestidos?
- Meninos o pequeno almoço está pronto.
- Venham lá comer se faz favor.
- Vão buscar os casacos e os sapatos para sair.
- Já vos mandei buscar os sapatos.
- Estou e os vossos irmãos já estamos prontos a sair e vocês ainda não estão calçados?
Todas as manhãs a mesma coisa. Chegamos à garagem e eles desatam a correr uns atrás do outro. Hoje por exemplo andavam todos a correr atrás de uma bola de basquete. Corri e consegui pegar no Salvador mas fartei-me de suar para o conseguir sentar na cadeira. Via os irmãos a brincar e queria continuar a brincar. Só dizia que não enquanto esperneava. Eu quase que me sentei em cima dele para lhe apertar o cinto mas sem sucesso. Enervei-me porque me queria despachar mas não estava a conseguir. Ainda por cima, devido às obras de construção da rotunda o transito têm estado caótico, tenho fugido por uma estrada secundária mas com as chuvas aquilo transformou-se num lamaçal. Temos que circular a 20 km/h enquanto tentamos escolher os buracos mais pequenos para passar, sim porque já não há a opção de fugir do buracos apenas de tentar adivinhar qual serão menos propícios a provocar estragos.
Ora estava eu a stressar para me despachar e os quatro nada de colaborar. Acabei por elevar a voz, mandei os mais velhos colocarem as mochilas na bagageira e entrarem para os seus lugares. Depois prendi os gémeos enquanto resmungava com os mais velhos. Disse-lhes que era sempre a mesma coisa, que tinha sempre que me chatear e que já eram crescidos o suficiente para me ajudarem em vez de dificultarem. Continuei a resmungar até estar tudo pronto para arrancarmos, liguei o carro o que acendeu o relógio digital e oiço o Guilherme:
- 8:00 horas, tanta birra e ainda é cedo!
Eu tive que fazer um esforço imenso para não me escangalhar a rir daquela saída. Coloquei a minha cara mais séria, evitei o contacto visual com ele e concentrei-me em conduzir o carro. Fingi que tinha ficado zangada com a o que ele tinha dito mas a verdade é que estava constantemente a virar a cara no sentido contrário para me rir. Ele ficou amuado porque porque percebeu que aquilo não é forma de falar comigo. Acho que no fim me safei bem da coisa.