O meu Leonardo está crescido
O marido reclama que eu favoreço um pouco o Leonardo. Na verdade ele não precisa de me alertar porque bem sei que raramente nego algo a este rapaz. Contudo o facto de gostar de o mimar não significa que tenha mais amor por ele do que por todos os meus outros filhos. Gosto de lhe fazer as vontades porque me sinto um pouco culpada.
O Leonardo é um rapaz calmo e solitário. É um jovem que sabe bem o que quer e como quer. Não preciso de andar atrás dele para fazer os trabalhos da escola. Entende perfeitamente a matéria e, quase, nunca precisa de ajuda.
É extremamente autónomo. Acorda de manhã, prepara o próprio pequeno-almoço e arruma a loiça na máquina após terminar. Se os gémeos se sentam na mesa ao mesmo tempo trata de lhes dar de comer. Segue directamente para as aulas e nas horas vagas fica deitado na cama a ler livros, uns atrás dos outros, ou senta-se no chão a brincar com o seu Lego. Quando à noite vou dizer aos rapazes que são horas de dormir o rapaz já está deitado e no segundo sono.
Tudo isto parece óptimo mas pesa na minha consciência. Sinto que os gémeos e o Guilherme absorvem toda a nossa atenção. Quando não estamos a tentar ajudar o mais velho nas matérias, estamos a desenvolver actividades com os pequenos. O Leo fica em auto gestão. Não que tenha menos importância que os irmãos mas como não pede a nossa atenção fica um pouco esquecido. Tenho receio que interprete como indiferença esta confiança que depositamos nele.
Em parte por isso tento arranjar formas de o compensar. Que custa preparar um prato ou dois preferidos para tentar mostrar ao rapaz que está sempre nos nossos corações?
Os filhos nascem todos de nós mas são tão diferentes. Nós pais temos que nos adaptar a cada um deles e nem sempre é fácil. Vamos todos crescendo e aprendendo em conjunto nas esperança de fazer um bom trabalho.