Nem sempre os pais concordam um com o outro
No feriado de dia um o Guilherme tinha treino da bola às nove e meia da manhã. O pai foi chama-lo e voltaram os dois para a cozinha. O Guilherme sentou-se à mesa e o pai disse-me que o rapaz não queria ir ao treino.
Eu afirmei que tinha que ir e nada, enquanto resmungava com o marido por pactuar com o rapaz. Tivemos os dois ali um pouco a trocar argumentos sem que conseguíssemos provar quem é que tinha razão.
Será que é possível duas pessoas terem ambas razão com ideias tão diferentes?
Ora vejamos, o marido achava que não o deveríamos forçar porque o facto de ir contrariado só o faria andar sem vontade no treino e consequentemente teria menor rendimento. Concordei com ele neste ponto porque sei que a motivação move montanhas e que contrariados nunca temos os resultados desejados. Para além disso o marido argumentou ainda que concordámos que ele fosse jogar à bola para se divertir ( extravasar, libertar energias) não para andar contrariado. Mais uma vez achei que era um argumento válido. Fazemos questão que os rapazes tenham actividades mas sempre na componente liberal. Não somos daqueles pais que sonham ter o próximo Cristiano Ronaldo em casa e que os treinam de manhã à noite. Por isso mais uma vez achei que o marido tinha razão no que dizia.
Da minha parte ficou o argumento da nossa palavra e do compromisso. A meu ver o rapaz assumiu um compromisso com o clube e com os colegas de equipa quando entrou para a equipa. Compromisso esse que deve ser honrado. Não acho certo estarem a contar com ele e ele não aparecer. Não é este o tipo de educação que eu quero dar aos meus filhos. Quero que cresçam a entender que quando dizemos que sim é sim. Que quando nos comprometemos temos que cumprir. Afinal quantos de nós apareceríamos para trabalhar se ficássemos em casa quando não nos apetece ir?
Acabamos por concordar em deixar o rapaz faltar ao treino mas com um aviso que era a primeira e ultima vez. Tem que perceber que se quer jogar têm que ir faça chuva ou faça sol. Se vai inventar desculpas mais vale desistir de vez e poupar tempo e dinheiro aos pais.
No fim tinhamos ambos razão ou não?