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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Dias difíceis

Tenho tentado a todo o custo manter a paciência mas no sábado há noite não consegui. O marido foi jogar à bola e eu tive a maravilhosa ideia de sair com os quatro. Levei a mãe e a tia para ajudar e fomos até à quinta pedagógica. Os miúdos divertiram-se mas nós viemos de lá quase a ter um ataque cardíaco. Os gémeos só querem andar e se um vai para a esquerda o outro vai para a direita. Se tentamos dar-lhe a mão fazem fita que não querem. Se tentamos direcciona-los para onde têm que ir sentam o rabo no chão porque querem ir para outro lado. Se pegamos neles esperneiam e choram até os soltarmos. Às tantas eu já não podia dos braços, a avó estava de rastos e a tia nem se fala. Acabamos por decidir que estava na hora de ir embora. Disse aos mais velhos que fossem dar a ultima cenoura ao cavalo, só tinham que atravessar o relvado e eu conseguia vê-los o tempo todo. Desviei os olhos para o Salvador e quando procurei os mais velhos só vi o Guilherme. Pânico. Olhei, olhei e não via o Leonardo em lado nenhum. Começo a chamar o Guilherme a perguntar-lhe porque é que não tinham seguido juntos como lhe disse. O Guilherme também não sabia do irmão. Estava a preparar-me para pegar num dos gémeos e sair disparada à procura dele quando o vejo surgir ao longe todo contente. Afinal não se apercebeu que havia passagem pelo relvado e tinha ido dar a volta à quinta para chegar ao cavalo.

Voltamos ao carro e fomos até à casa da avó, da prima e da tia. Acabamos por lanchar todos em casa da avó. Os gémeos não pararam dois segundos. Tiraram CDS das prateleiras, treparam para a mesa, treparam para as cadeiras. Estou a ajudar a levar a loiça para a cozinha e ouvi alguém na casa de banho. Vou ver e encontro o Santiago a chapinar na água da sanita. Felizmente cheguei mesmo na hora certa e ainda não tinha molhado a roupa.  Vou a casa da tia tentar acertar  a televisão e deixo os pequenos com a avó. Descubro depois que o Santiago voltou a ir brincar com a água da sanita. Já descobriu como é que se abre aquela porta e por isso estamos tramados.

Saímos de lá por volta das 19H e seguimos para casa. Chego à garagem e só o Guilherme é que estava acordado. Acordo o Leonardo e levo o Salvador ao colo até casa. Peço ao Leonardo para olhar pelo irmão um pouco enquanto eu vou buscar o outro. Desço à garagem pego no Santiago e trago o Guilherme que tinha ficado a tomar conta do dele. Já em casa pouso o Santiago que se levanta imediatamente e acorda o irmão. Trato de dar jantar aos quatro. O Leonardo faz fita porque o comer é peixe. Acabamos de comer e o Leonardo ainda têm o peixe todo no prato, comeu o resto tudo mas deixou o peixe. Eu digo-lhe que só sai da mesa quando comer tudo. Arrumo a  cozinha e vou para ao pé dos gémeos. Cerca de meia hora depois vou ver do Leonardo e descubro que ainda não comeu nem um bocadinho de peixe. Sento-me ao pé dele a insistir que coma. Começa aos poucos a comer mas cada bocado de peixe é mordiscado cinquenta vezes e cada bocado minúsculo que mete na boca é mastigado mil e uma vezes. Eu continuo a insistir que coma, que engula o peixe que vai deixando na boca até virar uma bola. Enquanto isso os gémeos estão doidos na sala, só os oiço a correr a às gargalhadas. O Guilherme aparece na cozinha a dizer que já são 22H e que o Leonardo ainda não comeu nada. Peço ao Guilherme para se ir deitar no sofá com os irmãos para ver se eles acalmam até porque já não são horas de se fazer barulho. Continuo a insistir com o Leonardo.  Oiço o Guilherme a espicaçar ainda mais os irmãos na sala. Vou ralhar com ele, digo-lhe que já é tarde e que ele devia era estar quieto a ver se os irmãos de sentavam, sossegados, ao pé dele. Volto à cozinha para vigiar o Leonardo que só como se eu estiver sentado à frente dele.

Chegamos ao penúltimo pedaço de peixe e um dos gémeos passa pela cozinha deixando um rasto de mau cheiro. Levanto-me e vou trocar-lhe a fralda. Deito a fralda no lixo e vou à casa de banho lavar as mãos. Estou a lavar as mãos e oiço gritos e um estrondo. Corro para a cozinha e vejo o prato do Leonardo todo partido em cima da mesa. O Guilherme têm o Santiago ao colo, o Leonardo chora desalmadamente e eu tento perceber o que se passou. O Guilherme diz-me que o Santiago subiu para cima da mesa, pegou no jarro de água e atirou-o para cima do prato. Eu passei-me e dei uma palmada ao Guilherme por não estar a tomar conta dos irmãos. Verdade seja dita sacudi-lhe uma mosca porque assim que ameacei ele desatou a chorar. Tentei perceber se o Leonardo estava magoado porque chorava duma maneira que mais parecia que o estavam a matar. Ele só dizia que o comer dele estava estragado, como se estivesse cheio de vontade de acabar o ultimo pedaço de peixe. Finalmente consegui que me dissesse que não estava ferido mas que estava todo molhado da água.

O marido entrou em casa logo de seguida e deparou-se com o Guilherme e o Leonardo a chorarem no quarto deles. Eu trancada com os mais velhos a ajudar o Leonardo a trocar a roupa molhada e os gémeos a chorarem por não poderem entrar no quarto dos irmãos. Pedi desculpa ao Guilherme que estava muito sentido com a situação e coloquei-os na cama. Eu e o marido tratamos de adormecer os gémeos e depois, lá fomos para a cozinha limpar os estragos.

No outro dia de manhã, o Guilherme veio agarrar-se a mim a pedir-me desculpa por não ter tomado conta dos irmãos e eu pedi-lhe desculpa por me ter irritado. Tenho tentado ao máximo deixar as coisas andar sem me stressar mas há dias em que não consigo.

Acham que conseguiam manter a compostura depois disto tudo? Se sim qual é o segredo? Contar até 10 já não chega só se começar a ser até 100. É que depois fico com a consciência pesada. Fico a pensar que sou uma má mãe, que deveria ter mais autocontrole mas sinceramente não sei como.

 

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