Dezoito meses
Faz hoje dezoito meses que estes dois pestinhas vieram animar a nossa vida e completar a nossa família. Deixem que vos diga que apesar de muito cansativo não deixo de me sentir abençoada todos os dias. Fomos presenteados com quatro filhos maravilhosos que nos enchem o coração.
Os mais velhos estão cada vez mais crescidos e maduros mas os gémeos não lhes ficam atrás. Estão naquela fase que parece que desenvolvem de dia para dia. O Salvador está giríssimo. Diz aia ( água), ru (rua), ade ( adeus) , bu ( chucha) lherme ( Guilherme), agado (obrigado), papa, pai e mãe. Chega ao pé de mim e começa a bater-me na perna ao mesmo tempo que diz mai. Eu adoro ouvi-lo dizer mai, pronuncia igual a pai mas com m no inicio. É a coisa mais fofa. É muito atento e aprende tudo à primeira. Este fim de semana estava a tirar a roupa da máquina de secar e ele começou a tirar as peças que restavam e a dar-me. Deu-me a primeira, a segunda, a terceira, depois pegou a última e enfiou a cabeça dentro da máquina a ver se já estava tudo. Tirou a cabeça e fechou a máquina com a barriga porque tinha as mãos ocupadas e disse "já tá". Depois escondeu-se a um canto a fazer força, eu percebi que devia estar a fazer presente e esperei que acabasse. Assim que acabou foi buscar o muda fraldas e começou a apontar e a dizer ali. Conversa muito embora eu não perceba nada. Chama por mim e quando eu lhe digo o que foi começa com um blá, blá, blá. Eu vou dizendo que ele tem toda a razão embora não faça ideia o que quer dizer.
O Santiago é mais birrento e teimoso. Dizer-lhe que não é o mesmo que dizer que sim. Se estiver a fazer alguma coisa e o tirarmos de lá volta logo a correr a fazer o mesmo. Diz água, papa, e caca com as letras todas. Depois diz lherme, bu e pouco mais. Parece-me que é daqueles que só diz as coisas quando as sabe pronunciar bem. É mais parado que o irmão, passa mais tempo a brincar com legos ou livros. É capaz de ficar sossegado a ver bonecos durante um bocado. Quando os bonecos acabam diz adeus e manda beijinhos mas assegura-se que estamos a vê-lo para lhe dizermos que está a fazer bem. Pede água e não se cala enquanto não lha damos. Verdade seja dita, ele não pede exige. Quando nos vê pegar no copo de água diz "ye, ye" e bate palmas como quem diz: "finalmente perceberam". Parece mais mole que o irmão mas aprende tudo ao mesmo tempo.
Cada um é especial à sua maneira e é muito engraçado ver que apesar de muitas diferenças também tem muitas semelhanças. Roubam tudo um do outro, só querem o que o outro têm e isto desde as chuchas aos brinquedos. Quando um tira o biberão porque não quer mais o outro larga o dele também. Quando um tira o babete porque não quer mais comer o outro também já não quer e ajudam-se um ao outro a tirar os babetes. Quando um chora o outro costuma chorar por simpatia. No outro dia estavam os dois debruçados sobre a mesa da sala a ver bonecos e eu estava a apreciar o espectáculo. Se um levantava um pé o outro levantava o mesmo pé. Se um colocava o pé esquerdo em cima do direito o outro fazia igual. Se um coçava a cabeça o outro fazia o mesmo. Isto tudo com eles de olhar fixo na televisão não conseguiam ver o que o irmão estava a fazer.
Cada vez está mais presente que de facto têm uma ligação especial em que não são precisas palavras.