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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Desafio de escrita dos pássaros #9

O barulho das ondas penetrou no meu sonho e fez-me despertar. Tentei abrir os olhos mas eles não quiseram colaborar comigo. Senti a boca cheia de algo. Tentei de novo abrir os olhos e um deles reagiu. Vi um imenso amarelo desfocado. Pestanejei e consegui abrir os dois. Continuei a ver um imenso amarelo e algum azul ao fundo. Fui tomando consciência e percebi que estava numa espécie de praia. Tinha a cara quase enterrada na areia. Os grãos invadiram a minha língua e os dentes. Tentei não trincar a areia enquanto arranjava forças para me mexer. Onde raio estava eu?

 

A custo consegui sentar-me com a cabeça a latejar. Arrastei-me até ao mar e troquei a areia na boca pelo gosto do mar. Do sitio onde estava analisei a paisagem geral. Areia, mar e nada mais. Resolvi explorar em busca de ajuda e foi quando percebi que estava tal como quando vim ao mundo. Nem uma única peça de roupa e nada ao alcance da vista que me pudesse socorrer.

 

Era imperativo procurar ajuda mas como iria eu abordar alguém completamente nu. Outras questão imperativa era o facto de não me recordar de nada. Quando digo nada é mesmo nada. Não sabia o meu nome, onde morava, como tinha ido ali parar.

 

O mar trouxe algumas algas que apanhei para pelo menos me cobrir o sexo. Caminhei na areia molhada até perceber que nada mais existia além de mim. Que sorte a minha, acordar nu numa ilha deserta sem qualquer memória.

 

Deixei-me cair na areia. Sentia os raios solares a tostar a minha pele mas não existia onde me abrigar. Olhei para o céu e rezei por auxilio. O sol subiu e começou a descer e eu fiquei no mesmo lugar. A minha boca ansiava por água potável. O meu estomago roncava por comida.

 

Chegou a noite e eu batia o dente. Sentia um frio imenso, tão intenso que mais parecia que estava sentado numa pedra de gelo. Comecei a entrar em pânico. A minha respiração começou a ficar acelerada mas por mais que inspirasse nada chegava aos pulmões. Tentei acalmar mas em vez disso só consegui ficar com mais e mais falta de ar. Senti que ia perder os sentidos e rebolei na areia para tal não acontecer. Senti uma pontada nas costas.

 

- Ó homem que se passa contigo hoje que não deixar dormir ninguém.

 

Levantei-me estrambelhado e vi que afinal tudo não passara dum sonho.