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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

desafio de escrita dos pássaros #8

Catarina escrevo-te do nosso local. Olho para a levada e vejo-te a brincar nela. Vejo as casas de xisto e recordo do tempo que passavas a raspar a argamassa de entre as suas pedras. Que belos bolos de terra eram feitos com aquele pequeno truque.

Oiço a ribeira a correr e lá estás tu a nadar nela até seres incapaz de parar de bater o dente. Recordo as tuas pernas eternamente arranhadas pelas silvas a quem roubavas amoras silvestres.

É lá estás tu a fazer malabarismo nos telhados das casas, só para chegar aos ramos da figueira em buscas dos seus maravilhosos frutos.

Fecho os olhos e vejo uma criança cheia de vida e imensamente contente. Gostava que conseguisse manter essa alegria para sempre. Que o crescimento não te trouxesse uma sensação de diferença em relação aos outros. Que não metesses na cabeça que o peso era o culpado dessa diferença. Seres mais ou menos magra não te trará mais felicidade. Tenta aceitar o teu corpo, a tua mente. Aceita que és diferente. Não o vejas como uma maldição mas sim como uma bênção.

Aceita o teu ser e pode ser que passes ao lado daquela anorexia que tanto sofrimento te trouxe.

Não penses que sou infeliz, porque tal não podia estar mais longe da verdade. No entanto a doença, embora vencida, deixou marcas profundas em mim.

Uma vida sem essa bagagem é o melhor presente que te posso dar, ou talvez não. É o percurso que faz a pessoa e se o meu tivesse sido diferente está não seria eu.

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