Desafio de escrita dos pássaros #2.7
Antes de mais quero pedir desculpa porque estou a escrever o post totalmente fora da data limite. Os últimos dias não tem sido fáceis mas não apenas por más noticias. Alcançamos até um grande objectivo pessoal mas falo sobre isso num próximos posto.
Como já referi não cumpri a data mas ainda assim quis cumprir aquilo a que comprometi.
Foi pedido para escrever o nosso elogio fúnebre. Não sei bem o que se passa com a passarada, se calhar estão com medo do COVID 19 e assim a malta já sabe o que dizer no seu funeral.
Eu não posso escrever sobre o que quero que seja dito porque não quero palavras nesse dia. Não preciso, nem quero que vão chorar por mim. Nem tão pouco que vão dizer coisas bonitas que, muitas vezes, nem são sentidas. Sabem bem do que me refiro, uma pessoa é um demónio em vida mas quando morre vai tudo dizer que tinha um coração maravilhoso.
Não. Não quero nada disso. Vou já avisar que não quero flores, é um grande desperdício de dinheiro, já sabem como sou forreta. O caixão é o mais barato e de preferência tratem de me cremar para depois não gastarem mais euros comigo. Inicialmente disse para doarem o meu corpo à ciência e assim pouparem o funeral, mas descobri que após utilizarem o corpo o devolvem à família. Considero imensamente rude usarem uma pessoa e nem pagarem o enterro. Também já dei instruções ao marido que se puder se desfasa do corpo, vale tudo para poupar uns trocos.
A verdade é que não quero saber. Quando partir parti. Fica cá um corpo, apenas um corpo. Fiquem com as memórias, como os bons e maus tempos que partilhamos. Com o carinho que trocamos. Guardem isso dentro de vós porque mais ninguém precisa de o saber.