Dão-me conta do juízo
Agora dão sumiço a tudo. Tão depressa estão com a chucha na boca como não sabem dela. Passamos horas de cabeça colada ao chão para espreitar debaixo dos móveis em busca dos objectos perdidos. Eles imitam-nos, espreitam debaixo dos móveis e depois dizem -nos que não está lá nada com ar de gozo. Por vezes acho que fazem de propósito só para não nos deixarem sossegar cinco minutos. Ontem roubaram-me os chinelos. Passei mais de uma hora à procura deles. Espreitei debaixo do sofá, atrás da porta, no quarto de brincar, no quarto onde dormem, no meu quarto, nas casa de banho e na cozinha. Acabei por desistir e andar o resto da noite descalça.
Hoje de manhã por pura coincidência dei com os ditos enfiados entre a mesa de apoio e o móvel. Estes rapazes dão-me conta do juízo.