Como lidar com as diferenças de notas entre filhos?
Na segunda-feira quando cheguei a casa o Leonardo correu para mim imensamente feliz e disse que tinha uma surpresa. Percebi logo que já devia saber as notas dos testes e pelo sorriso vi que tinham sido boas. Ele disse-me que tinha tido muito bom a tudo, com um tom de vós elevado da excitação, e correu a mostrar-me as fichas. Eu vi as fichas abracei o rapaz e dei-lhe os parabéns.
Fiquei muito contente porque sinto sempre que descuido o Leonardo por causa do irmão. O Leonardo nunca precisa de ajuda nos trabalhos enquanto que o Guilherme precisa de ajuda do principio ao fim pelo que monopoliza toda a minha atenção. O mesmo se passa quando vão ter testes. Desde o segundo ano que eu estudo para todos os testes com o Guilherme e nunca até hoje me sentei com o Leonardo. Vejo o Leo sempre confiante e pronto para a avaliação enquanto que o irmão está sempre receoso e confuso.
Estávamos então a dar os parabéns ao Leonardo e ouvi o Guilherme a dizer baixinho ( como quem está a pensar e o pensamento sai pela boca sem darmos conta) :
- Quem me dera ser como o Leonardo!
Caiu-me a ficha e percebi que ele se sente inferior ao irmão. Tudo é fácil para o irmão enquanto que ele tem que batalhar o dobro para ter um resultado inferior. Senti-me triste. Muito triste. Senti-me apreensiva. Tive medo. Tudo isto por causa de uma frase mas uma frase que me fez pensar em tudo.
Como é suporto os pais lidarem com estas diferenças dos filhos sem lhes destruírem a auto-estima. Não acho certo não felicitarmos o que teve boas notas para o outro não se sentir menosprezado. Mas também é difícil assistir à tristeza do que tem mais dificuldades perante o sucesso do irmão. No meu caso resolvi abraçar o Guilherme e dizer-lhe o que lhe digo tantas vezes. Que ele é um ser lindo e maravilhoso. Que é tão ou mais esperto que o irmão e que a única diferença entre os dois é que o Leo se aplica nas aulas enquanto ele anda sempre de cabeça no ar. Expliquei-lhe mais uma vez que se estiver com atenção nas aulas iria aprender melhor e não teria que estudar tanto. Disse-lhe como lhe venho a dizer desde pequeno que é capaz de tudo e que nuca aceite que lhe digam o contrário. Por fim repeti-lhe mil e uma vezes que não preciso que os meus filhos tenham as melhores notas, a única coisa que preciso é que tenham notas suficientes para passarem e que sejam felizes.
Não sei se a mensagem entrou naquela cabeça ou não. Tenho notado um pessimismo crescente nele, não sei se é um indicio da pré-adolescência ou outra coisa. Vou continuar a acompanhar estas mudanças de perto para tentar ajuda-lo o melhor que posso.