Aos olhos dos outros
A percepção que os outros têm de nós é uma coisa que me tem dado que pensar. Ainda no outro dia, uma colega me dizia que eu era tão organizada que deveria dar concelhos e dicas a outros.
Eu ouvi o comentário e fiquei a remoer no assunto. Afinal não é a primeira vez, nem a segunda vez, que pessoas me dizem que sou muito organizada e que gostariam de ser como eu. Já ouvi pessoas a referir que sou perfeita.
Estes comentários colocam um peso enorme em cima dos meus ombros. Primeiro, porque não sou perfeita, nem estou perto de o ser, não acredito que tal possa ser alcançado por um ser humano. Segundo, porque não me sinto assim tão organizada. É verdade que os meus filhos tem uma casa sempre limpa, refeições caseiras na mesa, roupa lavada, afecto, carinho e mimos... Mas tudo isto é conseguido com imenso esforço. Grande parte dos dias tenho de me esquecer de mim para conseguir fazer tudo. E claro que não o faço sozinha, principalmente desde que voltei a trabalhar, o marido tem dado um apoio fantástico. Mesmo com todo o apoio sinto-me impotente com o que não posso controlar no dia a dia.
Em certas alturas parece que estou a nadar num mar imenso onde, por mais que me esforce, não saio do mesmo lugar.
Outros dias, em que as tarefas se acomulam e os dias não são infinitos, sinto que estou a falhar.
Claro que também temos dias bons em que tudo colabora e conseguimos voltar aos eixos.i
Fica a verdade, estou longe de alcançar a perfeição. Somos humanos, erramos e seguimos em frente, erramos noutras situações e aprendemos coisas novas.
Não tirem conclusões apenas pelo que é visível. Não falo só porque muitos são os que vivem de fachada, mas também porque "quem vê caras não vê corações".
É muito fácil falar e deduzir coisas sobre a vida dos outros. Deduções estas que, quase sempre, serão erradas.
Deixemos de buscar a perfeição. Ser feliz e realizado é tudo o que importa.