Amor entre irmãos
Inicialmente pensei que iriam crescer a brincar dois mais dois, até porque os dois mais velhos são como unha e carne. Pensei que os gémeos se chegariam um ao outro e, que devido à diferença de idade, não teriam uma ligação tão forte com os manos mais velhos.
Como me enganei e ainda bem que me enganei. A cada dia que passa vejo a relação dos quatro crescer. Os mais velhos adoram-nos e são super protectores. Claro que o Leonardo por vezes acaba por os aleijar mas não é por maldade. No fundo tenta brincar com eles mas não sabe como, aos poucos vai aprendendo. Até lá faz-lhes festinhas na cabeça e diz que são os cãezinhos dele.
Os gémeos olham para os manos como quem olha para uns deuses. Perseguem-nos por todo o lado, é só verem a porta aberta, metem o turbo e enfiam-se no quartos dos irmãos. O Guilherme pega neles e faz-lhe palhaçadas. Deita-se no chão e os outros três trepam para cima dele .Só queria que ouvissem os risos, as gargalhadas.
Agora com o Salvador a dar os primeiros passos é ver os mais velhos muito aflitos. Até assustam o menino com os berros que dão quando o vêm em pé. Têm tanto medo que se aleijem que começam logo a gritar por mim ou pelo pai
Ontem estávamos os seis na sala quando o Salvador andou cerca de dois metros, entre a porta e o sofá, sozinho. Durante aqueles breves minutos não se ouviu um pio, estávamos todos a torcer para ele conseguir. Quando finalmente pousou as mãos no sofá irrompeu uma festa lá em casa. Os mais velhos estavam cheios de orgulho por o irmãozinho estar a começar a andar.
A adoração é tão grande que, agora os mais velhos todos os dias nos pedem para por os gémeos a dormir com eles. O Guilherme diz que ele dorme com um e o Leonardo com outro. Já lhes explicamos que não mas todos os dias deitam o barro à parede. Prometemos que daqui por um ano ou dois já podem e esperamos que até lá o assunto caia no esquecimento.