Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Já não é a primeira vez que falo sobre a atracção que as crianças nutrem pela cama dos pais. Parece que é um género de reino magico que os faz dormir melhor.
Esta noite acordei com alguém a tentar enfiar-se na nossa cama. Percebi que era o Guilherme e pensei que estava a ter outro ataque de sonambulismo pelo que o mandei para a cama dele. Curiosamente ele respondeu-me coerentemente e eu percebi que afinal estava acordado. Disse-me que estava com calor na cama dele, como se dormir na nossa cama com mais duas pessoas resolvesse o problema. Eu disse-lhe que voltasse para a cama e não se tapasse até ao pescoço como costuma fazer. Pensei que de manhã iria retirar o edredom da cama dele para evitar que se cobrisse com ele. Se tiver dez cobertores o rapaz tapa-se com eles mesmo que esteja quarenta graus de temperatura. Estava então a pensar mudar os lençóis e a edredom enquanto ele saía do quarto. Eis que o oiço tentar travar um vómito e correr para a casa de banho. Acabou por vomitar a casa de banho inteira com ar de pânico. Lá o acalmei quando passaram os vómitos e consegui que voltasse a dormir.
Enquanto limpava a sujidade toda não pude deixar de pensar no facto de ter corrido para a nossa cama só porque não se sentia bem. Lembrei-me de tempos passados em que eu e o meu irmão fazíamos a mesma coisa. Bastava deitarmos-nos na cama dos nossa pais e ficávamos logo melhores, não ficávamos bons milagrosamente mas melhorávamos um pouco. Não sei se é a companhia se o aconchego mas a verdade é que a cama dos pais continua a ser o melhor remédio para as doenças.
Um dia destes, subia eu dentro do elevador da garagem para o quarto andar quando o elevador parou no R/C. As portas abriram-se e eu dei de caras com o filho de uma vizinha que já não via à imenso tempo. Partilhamos o espaço durante alguns segundos até ele sair no andar pretendido mas ainda hoje vejo a imagem daquele rapaz à minha frente. Fiquei muito impressionada com o tamanho do miúdo mas não foi no bom sentido. O rapaz é mais novo que o meu Guilherme pelo que deverá estar a fazer os nove anos mas parece muito mais velho. Não que seja particularmente alto mas pelo excesso de peso que têm. Excesso de peso não, a criança é totalmente obesa.
Ainda consigo vê-lo a entrar no elevador, a dificuldade em andar, o facto de andar com as pernas muitíssima afastadas uma da outra. As costas larguíssimas, mais largas que as de muitos adultos e a ausência de pescoço. O rapaz deve medir menos de um metro e quarenta mas aposto que deve ter mais de setenta quilos.
Continuo a ficar chocada cada vez que vejo uma criança assim. Não consigo deixar de pensar como é que os pais, os avós e outros familiares que gostam deles os deixam chegar a este ponto. Será que não existe informação suficiente sobre o quão prejudicial é este excesso de peso em tão tenra idade. Será que ninguém se preocupa com as repercussões que terá a saúde desta criança no futuro. Não estamos a falar de algum excesso de peso porque é raro quem não o tenha. Estamos sim a falar de um peso que afecta ossos e articulações que neste caso ainda estão em crescimento. Estamos a falar de possíveis diabetes e outras inúmeras doenças que podem dai advir.Cada vez mais sabemos os males que a obesidade causa mas isso não impede esta doença de continuar a crescer cada vez mais.
Custou-me ver aquele menino que não quis subir dois lances de escadas com o avo e preferiu esperar pelo elevador. Custou-me ver que ninguém o contraria ao ponto de o fazer movimentar-se. Nunca vi aquele rapaz na rua a jogar à bola, andar de bicicleta ou simplesmente a brincar.
Fiquei triste porque sei que este não é um caso único pelo mundo fora. Fiquei triste por estas crianças que crescem com este estigma. Crianças que são postas de lado na escola. Crianças que são gozadas. Crianças que crescem com pouca ou nenhuma auto estima. Tudo porque não há ninguém que os ensine a comer, que os ensine a ter cuidado com a sua saúde. Tudo porque é mais fácil dizer sim em vez de contrariar.
Sei que vou chocar muita gente mas pergunto-me se estes pais gostam verdadeiramente dos filhos? Sinceramente não sei como é que conseguem ter a consciência tranquila perante o mal que fazem as suas crianças.
No domingo à tarde o marido foi para a casa de banho. Teve lá algum tempo, saiu e quando estava a chegar à sala correu de novo para trás. Demorou-se mais um pouco e quando finalmente saiu disse-me:
- Não sei o que é que colocas-te na comida mas fez-me mal. Estás a tentar envenenar-me?
- Aguenta esse pensamento que agora preciso ir eu.
Percebemos depois que apanhamos a virose dos pequenos que lhes causou grande transtorno intestinal. Contudo eu não consigo deixar de pensar que a primeira coisa que ele pensou foi que eu o tinha envenenado.
Eu que sou uma pessoa linda e maravilhosa era lá capaz de lhe fazer mal. Se calhar anda a ler demasiados post destes:
Estou farta dos dias pequenos e escuros. Estou farta do frio e da chuva. Estou farta do monte de roupa que vestimos diariamente. Principalmente estou farta das doenças.
Este frio trás doenças atrás de doenças e eu estou cansada delas. Todas as semanas aparece uma diferente, uma otite, uma bronquiolite, uma amigdalite. Depois existem aquelas que nem tem direito a nome, são chamadas de um vírus e temos que esperar que passe. Como mãe custa-me horrores. Ver os nossos pequenos doentes e não poder fazer nada sem ser dar colo enquanto espero que passe. Custa-me o facto de chorarem a cada dez minutos quando sei que são crianças tão risonhas. Custa-me as noites em claro não tanto por mim mas por eles, ver que têm sono, que querem dormir mas não conseguem.
O pior, o pior de tudo é quando estão os dois doentes ao mesmo tempo como foi o caso destes últimos dias. Na doença não querem mais ninguém que a mãe e é tão difícil acudir dois. Eu tento sentar-me no sofá e sentar um em cada perna mas eles não querem. Estão doentes, carentes pelo que querem um colo exclusivo deles. Empurram-se mutuamente para ver se um desiste para que o outro fique com o prémio. O pai tenta ajudar, dá abraços e colo a um mas ele fica no colo do pai a chorar pela mãe. É o que mais me custa nisto de ser mãe de dois.
É por isso que peço que a chuva pare. Que o frio se vá e leve estas doenças com ele. Que venham os dias bons e quentes para podermos andar de bicicleta e jogar à bola. Dias quentes para que possamos brincar na rua sem medo das constipações. Cada vez gosto mais do Verão.
Para todos aqueles que se queixam do fim de semana digo-vos que o nosso foi pior.
Depois de três semanas de doenças e muitas noites mal dormidas. Depois de uma quinta e sexta para esquecer da qual resultou uma dor de braços e um coxear de tanto colo. Depois de muitas ramelas, ranho e medicamentos pensamos que o único caminho era a recuperação. O marido ofereceu-se ficar com o Santiago de sexta para sábado para eu conseguir descansar e eu imaginei uma cama quente e convidativa. Em vez disso tive uma noite com a cabeça enfiada na sanita. Eu vomitava na casa de banho e o Santiago na sala.
Estivemos os dois nisto até às quatro da manhã. Por volta das oito acordei com o Salvador todo molhado. Desmanchei a cama e coloquei-os lençóis em fila de espera para a máquina de lavar. Aqueci leite para o Salvador que dizia ter fome, deixei-o a beber o leite no sofá e fui colocar mais roupa a lavar. O Guilherme chamou-me aos gritos que o irmão estava a vomitar tudo. Mais uma pilha de roupa para lavar. O Leonardo queixava-se da barriga e acabou por vomitar à tarde. O marido dizia estar mal disposto e quase não comeu nada. Aliás quase ninguém comeu nada, fiz um pouco de canja que deu para o almoço e jantar de sábado e ainda sobrou.
Domingo amanhecemos um pouco melhor. Estava tudo mais bem disposto e resolvemos sair um pouco, até porque, desde quarta que estava fechada com os gémeos. Fomos visitar a família e passamos um bom bocado. Comentamos que a coisa já tinha passado e que o Guilherme se tinha safado. Saímos cedo porque ainda nos sentíamos cansados. A meio da viagem olhei para trás e percebi que o Guilherme estava a vomitar dentro do carro. Parámos assim que possível para ver o estrago e só vos posso dizer que ficamos sem palavras. Tentamos remediar o estrago com lenços e toalhitas mas sem grande sucesso. Fizemos o caminho a até casa fechados no carro com aquele cheiro agoniante, sem poder abrir as janelas por causa da chuva. O marido saiu de casa munido-se de água, detergente e um pano e foi tentar salvar os estofos. Deixamos o carro na garagem de vidros abertos para secar e a ver se o cheiro passa.
Agora digam lá que depois de lerem isto o vosso fim de semana não ficou subitamente muito melhor?
É sempre bom chegar a casa e perceber que metade da família está doente. No nosso caso metade já é numero razoável, quase uma epidemia. São três rapazes a quem temos que controlar a febre. Três rapazes a acordar de noite a pedir água. Três a gemer, choramingar e remexer na cama a noite toda. Três a quem temos que dar antipirético, trocar roupas encharcadas...
São sete da manhã mas o meu cérebro diz-me que precisa de descansar. Os meus olhos teimam em abrir, o máximo que consigo é uma pequena brecha para ver o que estou a fazer. O meu corpo está descoordenado,penso em mexer um braço e só dez minutos depois é que consigo fazer o movimento. Como é que vou vestir e despachar quatro rapazes que vão estar ainda pior que eu?
Na sexta-feira ao final do dia rumamos até ao pé de Abrantes. Tínhamos tudo combinado para um fim de semana de convívio com a família. Eu estava contentíssima porque há imenso tempo que não tínhamos um ajuntamento destes. Ao todo éramos mais de vinte pessoas tudo debaixo do mesmo tecto. Imensos colchões de ar e pessoas a dormir por todo o lado. Banhos de biquíni no chuveiro na rua ou então de mangueira. Crianças felizes por poderem chapinhar à vontade.
O problema é que o convívio acabou cedo demais. O Salvador estava com febre desde quinta-feira mas eu tinha optado por ignorar pensando que seria uma pequena virose. Passou a noite de sexta a arder em febre e no sábado não amanheceu melhor. Acabamos por decidir voltar para casa depois do jantar. À tarde fomos à praia fluvial e os pequenos divertiram-se bastante. Entretanto a febre voltou e voltamos para casa da tia. O marido ficou em pânico quando percebeu que o menino tinha quase 41º de febre. Quis vir embora imediatamente e eu amuei. Disse-lhe que queria tomar banho e jantar até porque já lhe tinha dado o remédio para a febre que ia baixar não tarda. Mas o marido só queria vir embora. Acabei por tomar um banho rápido dar comer aos pequenos e saímos. Eu sai de tal forma contrariada que optei por me sentar na terceira fila de bancos e fingi que estava a dormir a viagem toda. Chegamos a casa e a telha ainda não tinha passado. Recusei-me a ir ao hospital com o pequeno e disse ao marido que fosse ele. Não me orgulho do que fiz mas pensei que seria mais uma daquelas vezes que vamos ao hospital e os médicos nos dizem que temos que esperar que passe.
Acabaram por voltar do hospital com antibiótico devido a uma amigdalite. O destino têm uma forma de nos passar rasteiras. O pequeno passou o domingo cheio de febre e na segunda estava ainda pior. Voltei à urgência ontem onde foi diagnostico com escarlatina e levou uma injecção de penicilina.
Agora temos que esperar que a injecção faça efeito e rezar para que mais nenhum apanhe.
Por aqui estamos com uma virose qualquer que vai saltando de menino em menino. Começou no Leonardo, vomitou na segunda-feira de madrugada e novamente de manhã, andou o resto da segunda e a terça muito abatido e sem querer comer. Na quarta o Leonardo acordou melhor mas o Guilherme queixou-se de dores de estômago. Quase não comeu nada e à tarde teve febre. Na quinta o Guilherme já estava melhor e à tarde o Salvador começou a estar muito chorão. Teve febre durante a tarde, a noite e hoje durante o dia.Não faz mais nada do que quer colinho da mãe, não quer mais ninguém e eu já não posso dos braços.
Resta manter os pensamentos positivos. Se nos basearmos na duração da doença dos irmãos amanhã já deve estar em forma. Depois já só falta um e podemos dizer adeus à virose.