Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Aparentemente apareceu um caso numa das instituições de ATL que vai buscar crianças à escola dos gémeos. A instituição fechou e as crianças que a frequentam estão em isolamento profilático. Algumas são da turma dos gémeos. Ontem chegaram a casa explicando que as aulas correram bem. Referiram que não existiu tanto barulho na sala e a professora não se zangou.
Eu não consigo deixar de ficar solidária com aquela professora. Se por um lado goza de mais paz e silêncio durante as aulas. Por outro tem que se dividir em duas para prestar apoio à sala e aos alunos que estão em casa. Terá que garantir que os alunos continuam a adquirir novos conhecimentos e ninguém fica para trás.
Definitivamente esta pandemia trás desafios novos a cada dia que passa.
A nossa relação passou por muitos obstáculos. Uma adolescência. Uma anorexia. Um aborto. Quatro gravidezes. Um parto pré termo. Dois bebés prematuros. O dia a dia com quatro filhos. Uma mudança de casa. Alguns problemas monetário aqui e ali.
Vinte e dois anos a trabalhar em conjunto. Umas vezes melhores que as outras. Zangas pelo meio, porque também são precisas.
Agora estamos de frente a um novo obstáculo. O meu sonho tornou-se o nosso sonho. Suponho que aconte a muitos casais. Eu idealizei a nossa casa na aldeia assim que lá entrei. Vi para além do pó de décadas. Muito para lá das madeiras podres e do chão que rangia.
Na minha cabeça ficaram os sonhos de como iria ficar quando pronta. Acreditei que o meu homem deixaria a meu cargo os planos mas estava enganada. Com o passar do tempo está mais entusiasmado que eu. Dou por ele a pesquisar tipos de chão, modelos de escadas, soluções diversas. É certo que já andamos às turras por opiniões diferentes. Cada um a argumentar porque a sua ideia é a melhor. Desenhos feitos em folhas de papel para tornar visível o seu ponto de vista.
Apesar destes desentendimentos fico feliz. Quando chegarmos ao fim, se chegarmos so fim, a casa não será como idealizei mas será nossa. Terá um pouco de mim e dele também o que tornará tudo mais especial, um lar em vez duma casa.
- Meninos hoje vão levar um rebuçado para comerem na escola.
- Mãe posso levar rebuçados para partilhar com os meus amigos?
- Por mim podes, mas será que é permitido na escola?
- Eu não quero levar para a minha directora de turma não se zangar por mim! - exclama o Leonardo
- Também acho melhor não levar. - diz o Salvador com uma expressão de tristeza - A professora diz que não podemos partilhar. Eu queria tanto dar aos meus amigos!
- Estou farto deste covid!!! - afirma o Santiago - Não podemos ir a casa das vizinhas. Não podemos ir ver a avó. Não vamos tirar fotografias na escola. Estou farto!
Pensamos que devido à tenra idade estão alheados das mudanças mas cada vez mais percebo que não. Podem não falar sobre isso diariamente mas estão a sofrer tanto ou mais que os adultos. Espero que em breve possamos recuperar todos estes momentos e afectos que nos estão a ser roubados.
Os ultimos dias têm passado a correr. Muita coisa nova para aprender. Eu que adoro um bom desafio e tenho sempre vontade de adquirir conhecimentos estou a adorar. Deixo o link da minha página de facebook e o do site com todos os imóveis.
Passem por lá para espreitar e talvez seguir a página. Se estiverem a pensar comprar ou vender casa falem comigo
Hoje o dia amanheceu frio mas ensolarado. Levei os mais velhos até a escola e segui para a dos gémeos.
Como de costume chegámos cedo mas em vez de ficarmos fechados no carro resolvemos aproveitar o sol. Fomos em busca dos patos.
Voltamos ao carro com as extremidades geladas. Os gémeos queixaram-se que tinham as mãos congeladas mas mesmo assim querem voltar a passear. Tenho que me lembrar de preparar luvas porque temos que aproveitar todos os momentos de liberdade que podemos, com a devida segurança.
Se existe uma coisa que a vida ma provou uma e outra vez é que não somos imutáveis. Podemos acreditar que sim mas se pensarmos bem veremos que a experiência da vida lima certas arestas em nós.
Não estou a afirmar que mudamos toda a nossa personalidade mas sim que vemos refinados certas características.
Eu sinto muitas vezes as diferenças entre a Catarina de hoje e a do passado. Embora a idade tenha trazido sabedoria trouxe também vontade de viver em pleno. Nada de viver a vida como um robot que se limita a fazer as suas funções.
Cansei e por isso resolvi experimentar coisas novas. Diferentes do habitual e para as quais não sei se tenho jeito. Se não resultar fico com a experiência que se vai refletir na pessoa que me estou a tornar.
Por isso desejem sorte a esta grande criança sonhadora. Que esta nova atividade profissional me traga felicidade porque isso é meio caminho andado para tudo estar bem.