Hoje estou noutro lado
A MJP convidou-me a escrever sobre liberdade. Eu aceitei e escrevi o texto que podem ler no blog Liberdade aos 42.
Passem por lá para lerem😉
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A MJP convidou-me a escrever sobre liberdade. Eu aceitei e escrevi o texto que podem ler no blog Liberdade aos 42.
Passem por lá para lerem😉
Não existe nada melhor do que estar apaixonada. Ficamos de sorriso no rosto e nada nos tira o optimismo do espírito. A paixão trás uma força interior, um animo que nos faz mover montanhas.
No entanto a paixão nem sempre dura para sempre. Muitas vezes não é cultivada. Começam a existir pequenas situações que nos vão desmotivando. Seguem-se outras e mais outras. Quando damos por nós a paixão transformou-se numa espécie de ódio.
Foi exactamente isso que se passou comigo. Durante anos fui apaixonada pela minha profissão. Adorava o ritmo, a pressão, a adrenalina constante da procura de soluções. Não tinha qualquer problema em trabalhar doze horas por dia durante 6 dias da semana.
Entretanto as coisas mudaram. Eu mudei. A empresa mudou. Vieram novas ideias e deixem que vos diga que não sou nada contra novas ideias. Contudo quando vês que as iniciativas não são minimamente adaptadas à situação e são mudadas quase diariamente num ritmo que é impossível de acompanhar.
Quando assistes a más decisões, umas a seguir às outras, cresce uma revolta em ti. A paixão acaba e fica uma mágoa. Durante os últimos tempos andei totalmente insatisfeita com a minha situação. O marido pressionava para eu procurar outra coisa mas o receio e o comodismo falava mais alto. Deixei a situação arrastar-se na esperança de surgirem melhores dias. É difícil deixar algo que já nos foi próximo do coração.
Felizmente a resposta às minhas duvidas chegou. A empresa num processo de reestruturação teve que despedir pessoas. Eu já tinha demonstrado o descontentamento e referido a minha vontade em sair. Acabei por ser uma das contempladas.
Vou confidenciar que quando recebi a noticia fiquei com um sorriso de orelha a orelha, pode parecer mal afinal existem tantos desempregados, mas foi o que senti. Foi como se uma infinita possibilidade de coisas surgissem no horizonte. Como se um enorme peso me saísse de cima e eu conseguisse finalmente respirar.
Talvez daqui por uns tempos venha a ter uma perspectiva diferente mas neste momento só quero aproveitar este tempo em família que este verão me proporciona.
- Meninos vou tomar banho.
- Podemos ver televisão na sala?
- Podem.
Subi as escadas e ouvi.
- Leonardo queres ver o Joker connosco?
- Quero manos.
Depois do banho desci à sala e lá estavam eles todos contentes a tentar adivinhar as respostas.
- Mãe podias ir ao cabeleireiro.
- Eu fui à relativamente pouco tempo.
- Mas podias ir outra vez. Colocava mais claro aqui - disse enquanto me mexia na cabeça - e um pouco de rosa deste lado.
- Já não tenho idade para cabelo cor de rosa.
Um pouco mais tarde o marido chega a casa.
- Pai podias colocar o teu cabelo todo castanho.
- O quê?
- No cabeleireiro eles colocam o teu cabelo todo castanho. Assim ficavas melhor.
- Onde é que foste desencantar isso?
- Hoje, teu filho está a mandar toda a gente ao cabeleireiro. Eu tenho que pintar o de loiro e rosa. Pelo menos o teu fica castanho.
A caminho do dentista :
- Mãe estamos a ser seguidos!
Olhei pelo espelho retrovisor e não estava nenhum carro atrás de nós.
- Claro que não filho.
- Estamos sim! Olha para aquele carro! Está a virar nos mesmos sítios que nós.
- Aquele carro vai à nossa frente. Teoricamente nós é que o estamos a seguir
- Não ele é que nos está a perseguir.
- Olha Salvador ele virou para outro lado, já ninguém segue ninguém.
- Mãe, não consigo dormir. Está tanto calor.
Entro no quarto e estão tapados até às orelhas com os lençóis😂
Não consigo entender estes rapazes
Na semana passada ao sair da óptica após a escolha dos novos óculos.
- Mãe os óculos vão ser a nossa prenda de anos?
- Porquê Salvador?
- Custam muito dinheiro e nós estamos quase a fazer anos. Eu não me importo de receber óculos como prenda, são bem fixes.
Estes rapazes não param de me surpreender. E ficaram bem fixes com as novas armações.
- Mãe eu não quero ir embora. Quero ficar aqui para sempre.
- Santiago não pode ser, só temos mais dois dias.
- Porquê?
- O dinheiro da mãe está a acabar.
- Avó, tu tens dinheiro para ficarmos mais tempo?
- Não filho, temos mesmo que voltar.
- E o avô?
- O dinheiro do avô também está a acabar.
- Mas o pai está a trabalhar.
- A has que o teu pai ganha para sustentar esta gente toda.
- Mãe as pessoas podem ficar três dias sem comer e não morrem. Não é?
- Sim.
- Então podemos ficar mais três dias. Eu aguento sem comer.
🤣🤣🤣🤣
Tenho andado um pouco desaparecida mas é por uma boa causa.